11 meses e o inicío do 1º Natal da Clara

Hoje, dia em que a pirralha destruídora de orelhas (sim, tem a minha mesma mania de tocar nas orelhas próprias e alheias e como não tem unhas mas armas brancas nas mãos tenho as minhas todas massacradas...) completa 11 meses de vida, inicía oficialente o Natal de 2013, o seu primeiro.
A bem dizer começou ontem à tarde com um lanchinho cá em casa com as minhas amigas, maridos e filhos, que agora são os amiguinhos da Clara. Uma diversão pegada, tanto é que a miss caíu redonda na cama.
Mas hoje tivemos direito a almoço na casa dos avós paternos ao som de música natalicia e presentinhos para a pequena visto que sábado partimos para terras lusas. A Clara ainda é muito pequenina para enteder o que se passa à sua volta mas adora tocar em embrulhos e faz grandes sorrisos a tudo o que possa vir de dentro de uma dessas caixinhas mágicas e nós, adultos, embevecemo-nos a vê-la brincar tranquila ao lado da sua primeira árvore de Natal.

para lembrar:

café pela fresquinha numa sexta-feira 13 dá muita merda.
Peço desculpa pela vulgaridade, mas foi mesmo isto que me passou pela cabeça na terceira vez que me vi na casa de banho no espaço de uma hora.
Só para que não me esqueça e, possivelmente, não volte a repetir. É que já passaram mais de 6 horas e ainda tenho a barriga às voltas.

estou para escrever isto há muito

Adoro estar a guiar a ouvir The XX e ter-te ao meu lado e não na barriga.
Quando estava grávida ouvia sempre, mal entrava no carro, a Intro (e depois todas as que se seguem) para te ires habituando. Tinha lido que muitos bebés, quando ouviam cá fora uma música recorrente na gravidez, acalmavam ao seu som. Assim, The XX passou a ser a nossa banda sonora.
Ora tu nunca foste bebé que precisasse de ser acalmada. És calma por natureza, quase nunca choras e passas a vida a rir. De maneira que nunca precisei de meter nenhum CD para te calar. Mas a verdade é que agora, quando estou a guiar e ouvimos as nossas músicas tudo o resto é silêncio de quem está a apreciar o momento. E eu adooooooro.
Já estava para escrever isto há muito, quando andei contigo de carro ao meu lado pela primeira vez. Acho que desde inicíos de Março. Foi hoje!


das saudades que já nem sinto

Há 3 anos ficava sem chão. Abatia-se sobre mim uma apatia completa, disfarçada de calma. Foi difícil perceber o que se estava a passar. E o que se iria passar daí para a frente.
Há 2 anos a saudade era imensa. Gigante. Revoltante.
Há 1 ano voltava a sentir calma. Estava serena porque a vida crescia dentro de mim e, de alguma forma, um pouco de ti podia voltar a alegrar os meus dias.
Hoje estou só triste. A saudade é tão grande que acho que já nem a consigo sentir. O meu coração não tem espaço para tanta. Mas tu estarás sempre lá, no meu coração.

1 de Dezembro

Ontem fui comprar uma árvore de Natal grande que a que tinhamos era à dimensão do apartamento anterior e perdia-se na nossa sala actual. No ano passado escapou porque a minha barriga ocupava muito espaço, mas este ano tinha que ser! Aliás,já falava nesta árvore há um ano.
A Clara quando acordou da sua sesta e viu esta árvore grande cheia de penduricalhos e luzinhas delirou! Já lá de longe ria como uma maluca e depois foi-se aproximando de mansinho e exprimindo a sua alegria e espanto com imnesos ah, eh e afins. Até que se acomodou mesmo em frente à árvore e alí ficou a apreciá-la muuuuuuito tempo. Ainda tentou tirar uma ou outra bola, mas quando percebeu que era para ver com os olhos limitou-se a apreciar esta coisa nova e magnifica.

Mas ontem não montei a árvore só para a mostrar à Clara. Ontem montei a árvore para lhe poder meter a estrelinha em cima. Ontem fez três anos que te vi pela última vez. E são três anos que vivo Dezembro a ansiar Janeiro. Embora este ano tenha o entusiasmo de juntar os três primos no Natal em Viana, Dezembro terá sempre este sabor amargo...

Nãoooooooooooooooooooooo

Não está frio...Está só a nevar desde ontem à noite!
Pena que seja só uma nevezinha de cá-cá-ra-cá que não impediu a saída de casa esta manhã. Que quando abrimos as janelas e vimos os tectos todos branquinhos e os flocos de neve a cair, a vontade era de ficarmos os três no miminho da cama. Mas pacência. Falta menos de um mês para o Natal e daqui a um mês estamos os três de férias em Portugal com direito a estarmos tooooodos juntos e a vermos a felicidade da Clara com os primos, tios e avós!

dos dias

Os dias por aqui têm passado a correr. Nem tenho tido tempo para aqui vir e, sinceramente, entrei numa tal sucessão de tarefas diárias que tenho poucas coisas para contar que vão para além do acordar cedo com a pequena a chamar. Ir buscá-la à caminha e mimá-la um bocado na nossa. Levantar para ir à casa de banho, mudar a fralda e dar de mamar. Arranjar-me, tomar o pequeno-almoço, arranjar a princesa e arrumar a cozinha e os quartos. Tirar a roupa da máquina e meter lá outra. Brincar com a Clara até à chegada da babysitter. Passar o testemunho e ir estender a roupa antes de entrar no carro e ir para o gabinete.Trabalhar. Voltar para casa, repassar o testemunho, mimar um bocadinho e preparar o almoço da esfomeada. Dar o almoço, preparar o nosso enquanto a gorducha faz as suas necessidades, limpar a pequena, esperar pelo pai e almoçar. Deitar a chatinha já podre de sono e trabalhar mais um bocado ou acabar de arrumar a casa, passar a ferro ou qualquer outra tarefa enfadonha. Ir buscar a criança que entretanto acordou e mudá-la. Brincar, dar o lanche e continuar a brincar até a Clara decidir que já não quer mais. Que o que quer é mimos e então mimá-la. Tomar banho e dar banho. Preparar o jantar da comilona, brincar só mais um bocadinho, ler a hostória, cantar a musiquinha de embalar e deitar. Preparar o jantar. Jantar com o pai já mais para lá que para cá e ... adormeçer no sofá. Às segundas e quintas há variação no programa da tarde e noite já que eu tenho ginástica à tarde e o pai basket à noite.
E é isto! Vou buscar a Clara que acordou, ciaoooooo

10 meses, o frio e a primeira ranheta

O outono este ano chegou tarde, mas em força. Num dia estavam 18º e no seguinte 8º. Assim, pam-pam!
Resultado? (o frio repentino e ter estado no fim-de-semana prolongado em Milão no entra e sai de lojas e a suar nas 5 horas de carro)
Há uma semana  e meia que a Clara está com o nariz pingão. Nada de mais, só umas ranhetas transparentes, mas é a primeira vez na sua vida que tem um nariz entupido a chatear-lhe o sono...
Tirando isso, e eu ter ficado congelada no dia em que inexplicavelmente a temperatura desceu, por aqui, aos 10 meses, estamos muito bem.
Hoje tivemos mais uma consulta com a pediatra que nos disse que a Clara está ótima. Cresce bem (muito bem, aliás), ouve e vê muito bem pelos testes que fez, e que só tem mesmo a pingoleta no nariz já que garganta, plumões e ouvidos não têm nadinha.
A intolerância vs integração de laticínios na minha dieta (que ela assume através do leite materno) está a correr muito bem, tanto é que ela já pode começar a comer queijo parmesão.
Aqui por casa cada dia que passa aprendemos uma habilidade nova. Acenar a quem parte já está consolidado, agora o que gostamos mesmo é de fazer cu-cu à mãe (escondendo-se atrás das cortinas ou dos bonecos maiores) e de passar o dia a lenvantar e a dar uns passinhos laterais. Sempre muito independente, que a pequena não gosta nada que lhe dê as mãos para dar os primeiros passos. Senta-se. Mas quando está em pé sozinha, apoiada no sofá, é vê-la a corrê-lo de uma ponta à outra. Um amor.
Adora curiosar dentro dos armários e delira quando se abre a porta de casa para sair (embora se desfaça em sorrisos quando voltamos). Gosta imenso de ver rolar o peão que a bisavó Ida lhe comprou, e para o ver abana muito com os braçinhos e faz o barulho dele. Mas a sua grande paixão são os sabores. Gosta de tudo, e quando mais forte o sabor, melhor. Come bróculos, cabrito e tangerinas que é uma maravilha. E é vê-la a babar-se com as comidas dos grandes...
E com esta coisa de experimentar frutas novas quando nós estamos na sobremesa e mordiscar pão depois das refeições, a gorducha deve andar mais saceada, já que são duas noites que não acorda para mamar. É seguidinho das 20:30 às 6:30. Mas quando acorda...até tenho vontade de fugir dela e da sua fome de leão!

 

amaldiçoaram a minha ginática

Eu não sou de queixinhas, que não sou, mas tenho para mim que alguém anda a amaldiçoar o meu regresso ao ginásio. Se não reparem: há uma semana, bastante cansada de duas noites mal dormidas e de toda a preparação para um fim-de-semana prolongado em Milão, enchi-me de coragem e lá fui até ao ginásio para fazer a minha primeira aula de pilates.
A preparação para este re-inicio tinha sido muita. Combinar com a sogra se podia, e quando podia, ficar com a pequena. Ver se as horas coincidiam com a rotina sono/lanche da Clara. Ver que actividade poderia fazer, onde fazer, como fazer e por aí fora.
Mesmo assim, há uma semana não tinha vontade nenhuma de finalmente voltar a fazer ginástica. Afinal de contas tinham sido mais de nove meses parada. Mas enchi-me de coragem e lá fui. Cheguei ao ginásio e digo que queria experimentar a aula de pilates! -hoje não há pilates, a professora está doente... Oh! que sortinha a minha...volto para casa. Comunico ao marido que não deu para experimentar e não é que se sai com um podias ter ido experinetar zumba! Siiim, ahm, ahm, zumba! Eu? Eu, aquela pessoa que a última vez que mexeu uma palha a sério foi há dois anos? Sim, porque durante a gravidez fiz hidroginástica para grávidas e caminhadas, não convinhamos, está muuuuuito longe da zumba e dos saltinhos à maluca. Nã, nã, eu vou masé na segunda-feira a pilates e acabou!
E assim fiz. Na segunda fui fazer a minha aula de pilates e gostei de sentir que estava a trabalhar o corpo sem maluqueiras ou afanos. Mas...não é que na terça recomeço a sentir a p**a da glândula a doer outra vez, essa anormal que já me pressegue há mais de três anos? Ah pois é! Toma lá que é para não te armares em atleta!...
De terça para quarta quase não dormi de dores e ontem estava a ficar maluca quando a sacaninha decidiu rebentar sozinha. E assim, como por magia, passou quase tudo. Ou o pior, vá.
Hoje é quinta outra vez, e portanto volto ao ginásio. Sim, porque decidi que esta anormal não me vai parár. Já me bloqueou os movimentos vezes de mais para o meu gosto. E tenho dito!
Só espero que agora o destino não invente uma nova para me deixar em casa, no sofá, sem mexer uma palha!

e mais de um ano e meio depois...

...eis que me voltou o periodo. Assim, do nada. Quer dizer, do nada não. Pensando bem ontem à noite estava bastante irritadiça e rabujenta, e hoje de manhã tive uma ligiera passaggem de dor de barriga.
E agora as dores estão a aumentar. Que sortinha...não tinha saudades nenhumas...

mudança da estação

Sempre gostei de mudar o armário. Trocar a roupa do Verão pela do Inverno. Arrumar tudo em caixas até à estação seguinte. Sempre me deu a sensação de reinicio. Só que desde que passamos a ter uns armários grandes cá em casa, que passei a ter uma parte dedicada a cada estação do ano e o problema das caixas não se voltou a propôr (para grande felicidade do maridão).
Mas...mas agora tenho uma filha que cresce de estação para estação (e muito dentro dela também) e que a cada mudança precisa de um armário novo, ou de roupas, vá! De maneira que nestes ultimos dias tenho me divertido imenso a comprar roupinhas mini para a minha boneca. Quando nasceu, e portanto no inverno passado, foi muito à base de babygrow. Depois foram os mil e um presentes que me encheram o armário até ao fim do verão, e portanto ainda não tinha tido oportunidade de fazer a minha própria seleção, só comprei umas peças aqui e ali.
Desta vez não. A coleção Outono Inverno 13/14 by Ritália for Clara já está quase pronta e está bem fofinha. Agora só falta mesmo vestir a modelo e comê-la de beijos tão linda que vai ficar!

do trabalho

ou do regesso, a sério, a ele.
Do deixar a Clara. 

Pois é, mais de oito meses depois, era hora de deixar a Clara a alguém para que eu me possa concentrar no trabalho e voltar, mais seriamente, ao activo.
Claro que durante estes oito meses trabalhei. Fiz os possiveis em casa, enquanto a Clara dormia ou brincava tranquila. Levei a pequena a reuniões ou idas à câmara. Tapei buracos. Mas não é a mesma coisa.
Não dá para ser mãe a tempo inteiro e trabalhar e organizar a casa. Dar de mamar, brincar, trocar fraldas e vestir e ainda pensar nas limpezas, na arrumação, no supermercado e nas refeições entre quatro linhas de autocad e uma chamada. Quer dizer, dar dá, mas fica sempre tudo feito só mais ou menos. E estava farta da vida assim-assim.
De maneira que, com a partida do meu pai a meados de Setembro, chegamos à conclusão que pelo menos de manhã me devo concentrar no trabalho.
A Clara fica com a babysitter ou com a avó e eu vou à minha vidinha. Faz bem a todos. À arquitecta, à mulher e à mãe. E à filha, que se habitua a estar bem com outras pessoas. E já agora à babysitter, que arranjou trabalho, e à avó, que se delicia.

E por aqui crescemos

O tempo passa a voar. Depressa demais.
Ainda no outro dia andava com um barrigão e agora a pitorra já faz imensas graçinhas, está muito bem sentada, já quase gatinha e quer meter-se de pé, palra até à (minha) exaustão, já tem um dentinho, e...já fica de noite com os avós (pronto, pronto, só duas horas e deixei-a já a dormir e assim a encontrei!) e dorme sozinha no seu quartinho.
Já a queria ter metido há mais tempo a dormir sozinha, porque achava que estava pronta, mas entre idas a Portugal, férias e a vinda do avô Vasco (que ficou no quarto da Clara), só ontem fizemos a passagem. Eu estava um bocado nervosa, confesso. Mas, como sempre, a princesa conseguiu superar-me. Dormiu como um anjo, como todas as noites.
Foi a nós que nos custou. Como disse o Filippo, dormimos os três no mesmo quarto durante mais de 17 meses (porque ele conta a gravidez!) e agora, sem a cama da Clara, o nosso quarto parece enorme...

Setembro

Já vamos a mais de metade de um mês que me é tão querido e que todos os anos me trás coisas boas.
Este ano, para além de um ínício com bastante trabalho e o primeiro dentinho da Clara, veio também com a doce visita do pai/avô Vasco a terras italianas.
Estivemos em Roma e depois aqui por Foligno, a viver 7 dias de calma entre passeios, dormidas e grandes refeições. E claro, mimo, muito mimo.

das férias

faz quase uma semana que voltamos das duas de férias na praia.
E que bem que me fizeram, estava mesmo a precisar e o post anterior é prova disso. Estava muito cansada e farta de aguentar o calor nesta cidade sem mar. (e este ano não foi mau, já que foi só uma semana ou duas de temperaturas tórridas)
As férias, claro, correram muito bem. Foi ótimo estarmos os três. O namoro dos pais e dos pais com a filha. E do pai com a filha. E estamos os dois outra vez 24 sobre 24 horas juntinhos. Sim, porque nós estamos melhor quanto mais tempo passamos juntos.
E mesmo com os horários da pitorra para respeitar, não há nada como acordar cedo mas com calma, mergulhar no mar, almoçar e jantar ao ar livre e fazer com a pequena todas as horas da sua sesta.
Já estou a contar os dias para o Natal.


Eu, mãe Rita, me confesso

Antes de ter a Clara, mesmo durante os nove meses de gravidez, não compreendia as mães que se queixavam. No meu íntimo achava que eram umas tontas, umas tolas, umas ingustas. Achava que o simples facto de terem um filho era já suficiente para não terem qualquer tipo de lamento. Que se queixavam que ele isto ou aquilo então eram pessoas não aptas a ser mãe.
Vergonha, Rita, vergonha!
Descobri, às minhas custas, há quase sete meses, que isto da maternidade afinal não é romântico como tinha imaginado.
Ponto número 1: é um trabalho altamente rotineiro. Acorda, muda fralda, dá de mamar, dá o arzinho, brinca, adormeçe, brinca, muda fralda, prepara almoço, dá almoço, dá arzinho, brinca, adormeçe, muda fralda, brinca, dá de mamar, dá arzinho, brinca, adormeçe, dá banho, prepara jantar, dá jantar, dá arzinho, lê história, adormeçe. E no dia seguinte a coisa repete-se sempre, mais ou menos, às mesmas horas. Durante uma semana é giro, depois de um mês é só encher chouriços.
Ponto número 2: desde que se tem um filho tem-se muuuuuito mais coisas para fazer em casa. Se já era odioso limpar, arrumar, lavar e passar a ferro antes de se ter o dito cujo, imagine-se agora...
Ponto número 3: não é porque se tem um filho que o resto do Mundo desaparece. Felizmente continua-se a ter um marido, família, amigos e trabalho. Muitas vezes, porém, é complicado coordenar o filho com uma destas pessoas, quanto mais com várias e o trabalho. Ter de renunciar à vida social sem preocupações ou conseguir estar concentrada numa conversa de adultos mais de dez minutos seguidos é obra.
Ponto número 4: mesmo que não queiras esqueçer-te de ti, inevitavelmente passas para pelo menos segundo lugar nas prioridades da vida. Primeiro vem sempre o filho e quando os pêlos começam a crescer ou os cabelos a ficar oleosos a coisa é muito chata (chegas mesmo a vontade é de enfiar o puto num quarto escuro).
Ponto número 5: o choro do bebé, pelo menos para mim, não é muito fácil de interpretar. A coisa vai à base de tentativa-erro. À vezes é preciso mais do que uma tentativa, e com tanto erro à mistura os nervos ficam à flôr da pele e dá vontade de fazer fast foward até à idade adulta da criança. Até porque, pelo menos comigo, não funciona a teoria do deixa chorar que lhe faz bem. Aquele som entra-me nas entranhas e fico num estado de irritação tal que enquanto da criança não se cala eu não sossego.
Existem mais pontos, mas fundamentalmente são estes. É claro que se fosse mau ninguém tinha mais do que um filho.
A maternidade é um mar de amor. E como tal, tem horas de maré cheia e maré vaza. Dias de mar chão e dias de marés vivas. Meses de vê-lo andar para a frente e para trás de longe e nos deixarmos inundar de calma, outros em que nos atiramos lá para dentro e nos divertimos com o seu movimento, e outros ainda em que temos medo, queremos voltar à terra firme e ficar só em sossego.
É um compromisso para a vida. Queremos o melhor para eles e sabemos que só o bem do Mundo não lhes podemos prometer. Um dia terão que se defrontar com as contrariedades da vida. E ao primeiro espirro, queda ou distracção ficamos logo a pensar que a culpa é nossa e que provavelmente não somos boas mães.
Desde o dia em que nasce passa-se a viver neste limbo de felicidade e preocupação, amor e cansaço, muito cansaço. E portanto tenho que dar a minha mão à palmatória. Também eu me queixo. Também eu tenho saudades de dormir uma noite inteira num sono profundo. Também eu tenho saudades de sair sem horários para voltar. Também eu tenho saudades de comer e beber o que me apetece. E sei bem o quanto a minha vida não teria sentido se a Clara não estivesse aqui comigo. Porque mesmo com a depilação por fazer, as olheiras por esconder e a gula por enganar, não há nada neste Mundo melhor que o sorriso da minha filha. E acompanhar as descobertas que faz todos os dias.

o filme de ontem

da vida d.c. #2

Já se sabe, a chegada de um filho muda muita coisa. Muda a vida da mãe, a vida do pai, a vida do casal, a vida da casa.
Muda para melhor, dirão todos vocês. E sim, em muitas coisa muda para melhor. Mas não é por isso que não sentes falta da vida antes da chegada do filho. De não ter horas, obrigações. De dormir quando queres ou sair de casa sem mil e uma tralhas às costas ou preocupação se estará muito calor ou frio ou vento ou...
Enquanto dava só de mamar chegava à última mamada do dia podre. Acabava por adormeçer sempre no sofá com a Clara encostada no meu ombro para dar o arzinho. Dar de mamar é maravilhoso mas cansa. Esgota mesmo. É bom, que é, mas como em tudo na maternidade, tem uma enorme carga de sacrifício e cansaço à mistura.
Há coisa de um mês e meio a Clara começou a almoçar. A coisa foi indo, muito lentamente. Aliás, durante um mês era umas colheres e depois maminha. Demorou muito até que comesse a papinha toda, mas foi bom porque foi gradual e o meu corpo também se foi habituando aos pouco a não produzir tanto leite àquela hora. E quando começou a gostar mesmo daquele momento, o da papa, chegou a hora de dar-lhe também o jantar, há pouco mais de uma semana. E aí é que foram elas para mim. Papa toda comida e, portanto, nada de maminha (porque eu não a quero sobrealimentar que já é bastante gordinha, porque se lhe oferecesse o peito tenho a certeza que mamava!). Peito muito cheio, noites com dores...Mas em dois dias passou e agora que lhe dou o jantar, não lhe dou de mamar e me sinto bem, tenho os serões de novo para mim e para o maridão! Ah, maravilha, voltar a estar os dois, bem acordadinhos, a ver um filme! Aos poucos vamos reconquistando o nosso espaço, o do casal, e isso é ótimo. (e continuo a dar de mamar nas outras refeições à pirralha, que também adoro: aquele momento só nosso, em que a minha bebé está ali, agarradinha a mim, só a mim)

mais uma portuguesa no mundo

a Clara Cameira Conti. Desde ontem à uma da tarde! Já está registada em Portugal também, já tem dupla nacionalidade, a minha luso-italiana mais linda, que já rebola para todos os lados e tenta gatinhar para apanhar os brinquedos mas ainda não percebou como se anda para a frente e então faz marcha atrás!


De resto nada de grandes novidades.
À parte o calor abrasador que por aqui se faz sentir e que daqui a quatro dias vamos os três duas semaninhas de férias para a praia. Primeiro para a casa da praia e depois para a Toscana.

Que noite...

E tendo uma filha de seis meses a dormir ao meu lado, o mais provável seria que a Clara não me tivesse deixado dormir. Mas não. Foi o calor, a almofada molhada de suor e tu, que teimaste em fazer parte dos meus sonhos. Sonhei, repetidamente e de forma extremamente real, que estes dois anos e meio estivesse foi escondido. Que tinhas decidido que era melhor desaparecer. Coisa que me deixou muito revoltada. Por não me teres dito mais cedo e me teres feito sofrer, todo este tempo, com saudades duas...

e seis meses depois

já temos o nome completo: Clara Cameira Conti.
O perfeito de Perugia já tinha dado autorização mas só, exactamente seis meses depois de nascer, é que o meu apelido foi oficialmente registrado no nome da Clara.
Agora é só trocar dos documentos todos (que são só dois e ainda bem!) e pensar em registrar a pequena na embaixada portuguesa em Itália para termos, também oficialmente, uma luso-italiana.
Sim, só oficialmente, que desde que nasceu já mamou bacalhau e já foi duas vezes a terras lusas. É muito tranquila mas ai de quem a chateie, vai logo com berros e manadas e isto porque ainda não sabe pôr a mão à cinta!

há uma semana

tínhamos acabado de aterrar no Porto. Correu tudo lindamente com a Clara a adormecer mal entrou no avião e assim ter ficado grande parte do voo. o único senão foi a mochila que começou logo a dar problemas no check-in e que acabou por não vir no nosso voo e só chegar ás minhas mãos no domingo. Tinha lá coisas importantes, mas consegui remediar.
Esta semana tem corrido lindamente. A pequenina está sempre bem disposta, tem dormido muito bem e as papas ao almoço, que tinham começado muito mal (ou devagar, vá!) no sábado antes de vir, agora também têm corrido muito bem.
Na sexta lá fomos até Bragança e no sábado tivemos o baptizado do JG. Tirando o calor abrasador que se fez sentir em todo o país, correu tudo pelo melhor e, embora tenha sido tudo a correr, foi muito bom ver o pedaço de família que está lá em trás-os-montes.
Já em Viana temos aproveitado para descansar, dar mimos aos avós e iniciar o gosto da Clara pela praia a sério, que o adriático é para meninos!

here we go again

Ainda nem contei como correu a primeira viagem de avião da Clara, quando tinha três meses e meio e, dois meses depois, já estamos em vesperas de voltar a partir.
Foi tudo decidido a correr, neste domingo, e amanhã por esta hora, se tudo correr bem, já estamos em terras lusas. Vamos dar muitos miminhos aos avós e vamos ao baptizado do primo JG.
A primeira vez correu muito bem. Fomos os três e a pequena nem um ai fez a viagem toda (nem no carro até Roma, nem no aeroporto, nem no voo de três horas, nem na viagem até Viana). Na volta a mesma coisa. Uma santa esta menina! Mas íamos com o pai...Desta vez vamos sozinhas, as duas meninas da casa. E confesso que estou um bocado nervosa. Pelo voo, por estar longe 10 dias do maridão, por sair do nosso ambiente, por ter sido decidido tão rápido, por... Mas vai ser bom. Não! Vai ser ótimo!

a primeira viagem de avião da Clara
por favor ignorar a minha cara de parva e cabelos despenteados, era muito cedo!

dos sonhos

Há muito tempo que não sonhava tanto. Durante a gravidez, e sobretudo no final que as noites eram muito mal dormidas e sempre interrompidas (ora chichi, ora mudança de posição, ora insónia), sonhei muito. O sono era sempre muito leve, talvez por isso. Mas desde que a Clara nasceu que sonho, ou sonhava, muito menos. Muito provavelmente quando dormia, dormia profundo!
Mas ultimamente tenho tido noites atribuladas com sonhos e tenho-te encontrado muitas vezes, meu anjo.
Encontro-te e falamos, estamos juntos mas depois acordo e não me lembro de nada, só da sensação de ter tido comigo mais uns segundos...e as saudades apertam.
Durante a gravidez acho que fui ajudada pelas hormonas, mas agora que os níveis se devem estar a equilibrar e tenho mais tempo para pensar noutras coisas que não seja Clara-Clara-Clara, dou muitas vezes por mim a pensar-te e em como seria a minha vida, a da Clara e sobretudo a tua se não tivesse havido aquele 5 de Dezembro.
Percebo que o que aconteceu jamais terá solução. Que para sempre terei que viver com este vazio e que chegará o dia que terei que explicar à minha filha que tem mais um tio, que esse tio se a tivesse conhecido a teria adorado e lhe teria ensinado muitas coisas entre beijos e brincadeiras. Que seria louco, mas louco, pelas suas bochechas mas que lhe daria sempre os beijos na testa, muito apertados. Que estaria sempre pronto para se meterem deitadinhos, juntinhos no tapete da sala dos avós para dormir uma soneca antes de jantar. Que se lhe pedisse com os seus olhos doces para rebolar na relva ele iria sem hesitar. Que adoraria estar na praia a ver o mar em silencio e a fazer festinhas no cabelo e que se lhe pedisse o último bocadinho do seu lanche ele lhe daria e diria o amor dá o último pedaço.

e depois vejo este sorriso

Clara, 5 meses de serenidade

e percebo que todos os sacrifícios (e mais algum) valem muito a pena!

isto da maternidade é maravilhoso

maaaaaaas, há mais de 14 meses que não posso comer o que me dá na real gana.
Primeiro era a toxoplasmose. E os nove meses de gravidez passaram depressa porque de presentos e carnes cruas não sou grande apreciadora. Custou um pouco a passar o Verão sem poder comer verduras cruas fora de casa, mas nada de grandes sacrifícios. Os enjoos também ajudaram a que nem tudo que sempre gostei me soubesse tão bem, como o café ou os doces.
Mas agora é pior. Agora estou a dar de mamar e não tenho enjoos. Mais, tenho uma fome de leoa. Uma fome como nunca tive na minha vida (o que vale é que a Clara suga tudo e não engordo uma grama). E é tudo pior. O café faz pior, o chocolate ainda mais e depois temos as cólicas e as hipotéticas intolerâncias às protainas do leite e ovos. E eu A-D-O-R-O queijos, o meu café com leite de manhã, uns ovinhos mexidos, ou cozidos ou estrelados e podia continuar. Fui a Portugal 10 dias e foi a verdadeira tortura sem natinhas, ou croissant com queijo pressandos, ou mousse. Não posso comer nada disso. N-A-D-A.
Isto da maternidade é maravilhoso, que é, e dar de mamar é muito bom e prático e tudo mais, mas é preciso ter muuuuuuita força de vontade e pensar cinco vezes antes na pequena e no seu bem estar antes de pensar no meu...é obra.
Ah, mas quando deixar de dar de mamar vou-me vingar! E engordar aí uns dez quilos tantas são as vontades que tenho!

E com este post prometo voltar com mais frequência a escrever aqui, se é que ainda alguém me vem aqui ler...

a magia do número 7

Hoje, 7 de Maio, faz 7 anos que começamos a namorar.
Sete. O dia e os anos. 
Olho para trás a lembrar-me daquela noite de Maio e dos dias que se seguiram. E dos meses. E dos anos.
Aos poucos fomos construíndo o nosso amor. A nossa vida. 
Muitas vezes, quando conto a minha história de amor contigo, ouço dizer que fui corajosa e vejo admiração em quem me ouve. Como ter vivido uma relação à distância durante um ano e meio é uma grande provação. Como sair da minha terra deixando para trás família, amigos e um bom trabalho é uma imensa prova de amor. Mas eu vejo tudo de uma forma muito mais simples. Não me parece que fiz nada de complicado no dia em que decidi seguir o meu coração.
Os frutos estão à vista. Um namoro de sete anos, um casamento de dois e uma filha de quase quatro meses.
E no dia 7 de Maio do ano passado descobri que estava grávida e vi pela primeira vez um aglomerado de células implantado no meu utero...Que saudades...

já faltam poucas horas

e eu ainda nem acredito que amanhã à tarde já estarei em Portugal. E com a minha pequenina.
Até amanhã.

que saudades da minha barriga

Este fim de semana tive imensas saudades da minha barriga. De te saber protegida lá dentro...
É incrível como durante a gravidez sentia um certo nervosinho por não te ver,  Clara, e não saber como estavas, e agora que te tenho aqui comigo e te vejo sempre, tenho vontade de voltar a meter-te na barriga porque ali estavas tão bem...
Na quinta-feira fomos à pediatra para a consulta dos três meses. Tudo bem. A pequena cresce bem, já pesa 7 kg e mede 63 cm. Está enorme para a idade e muito bem de saúde. O único problema é uma dermatite, mas nada de preocupante. De qualquer das formas, no dia seguinte fomos a um dermatologo pediatrico que confirmou a dermatite atópica e nos deu alguns conselhos sobre como tratar da pele sensível da Clara. Tudo muito tranquilo e sereno até sábado a Clara ter diarreia e à noite aparecer sangue na fralda...
A correr para as urgências.
A pediatra que nos viu, ao contrário dos outros dois médicos, relacionou a dermatite e a diarreia com qualquer coisa que eu como, sendo que a Clara poderá ser intolerante aos laticinios e ovos...
Toca a fazer análises para ver se não é um virus e eu dieta. E ficar a ver o que acontece. Logo agora que vamos a Portugal e só de pensar no voo com princesa tremo toda...

já só consigo pensar...

...nas malas, e na viagem e na estadia em Portugal.
Para já, para já, e porque desde que sou mãe gosto de pensar num problema de cada vez para o resolver o melhor possível, ando preocupada com as malas.
Não tanto com o que hei-de levar quanto como vamos conseguir enfiar tudo no carro do meu pai para ir do aeroporto até Viana.
É que ele será a minha mala, a do Pi e a da Clara, mais (e sobretudo) o ovinho e a estrutura do carrinho de bebé...
Enfim, lá terei que andar uma semanas sempre com a mesma roupa!

um fim de semana perfeito

O Filippo diz muitas vezes que nem pareçe que temos uma filha. Dormimos a noite toda, chora muito pouco e passa a vida a rir. Tem razão. Tivemos muita sorte. E este fim de semana foi a prova disso.
Sexta à noite fomos jantar fora com os meus sogros que partiram sábado em viagem. A pequena ora dormia ora observava mas sempre sem chatear ninguém. 
Sábado chegou a primavera e andamos o dia todo na rua. Fomos passar o fim da manhã e a tarde a Perugia e jantamos fora, já em Foligno, com amigos. A princesa ora dormia ora observava mas sempre sem chatear ninguém. 
Domingo apresentou-se mais uma vez maravilhoso e portanto nós aproveitamos para mais passeio. Manhã toda fora, almoço na casa da bisavó, uma voltinha ao fim da tarde e um casal amigo a jantar cá em casa. A Clarinha ora dormia ora observava mas sempre sem chatear ninguém. 
Chegava a noite e eu pensava sempre está tão cansada que vai ser hoje que não vai dormir. Qual quê? Como seu costume das 22.00 às 7.00, seguidinho!
Só espero que com a viagem a Portugal corra tudo assim tão bem.


Hoje é um dia especial.

A Clara faz três meses de vida e cresce feliz e serena.
Daqui a 9 dias vamos, os três, a Portugal. Estou a contar os dias.
Pode começar a contagem decrescente!

da vida D.C.

É inútil dizer que a vida depois da Clara é muito diferente da vida A.C. É obvio que é muito diferente. Eu também não sou a mesma, mas estar para aqui a dissertar sobre estes lugares comuns que não interessam a ninguém é pura perda de tempo. Quem não é mãe já está farta de ouvir as mesmas coisas e quem é sabe do que falo. A vida mudou muito, mas nós, eu e o Pi continuamos a ser um casal jovem no meio de amigos sem filhos e, se não queremos ficar isolados no nosso novo mundo de fraldas e choros por decifrar, temos que nos meter em jogo mais uma vez. E foi isso que andamos a fazer estes dias. Sexta-feira, com a cabeça nas nuvens porque voltei a trabalhar (aos poucos e em casa, quando a Clara não grita porque quer atenção), não descongelei nada para jantar. Foi a melhor coisa que fiz já que a solução foi ir jantar fora. Sem pensarmos muito em horário de mamadas ou em choros da pequena, montamos os três no carro e lá fomos. A princesa adormeceu na viagem e esteve a dormir quase sempre. Quando acordou estava muito bem disposta a observar o novo ambiente e nós jantamos em paz e relaxamos imenso. Já tinhamos ido almoçar e jantar fora, mas a casa de amigos, que não conta. Ir a um restaurante ainda era um obstáculo a superar... e foi desta.
Como a coisa correu bem, passamos o fim de semana a fazer outras experiencias: ir ao supermercado com ela, tomar pequeno-almoço fora, fazer um aperitivo com os amigos, passar o dia na casa dos sogros, e por aí fora. A princesa portou-se sempre muito bem, embora lhe tenha sido díficil dormir durante o dia com tanta movimentação e gente a estimulá-la. Chegava sempre ao fim do dia estourada e talvez um bocado enervada que só estando uma hora a mamar se acalmava, no entanto tem que se habituar a estar fora do mundo protegido dela, onde estamos só as duas e em silêncio. Mas a coisa não deve ter sido assim tão chata, porque passava o dia a rir e de noite dormiu sempre muito bem, como é seu habitual. E tem que se começar a preparar porque daqui a 22 dias vai andar de avião para ir a Portugal onde estão todos mortinhos por conhecê-la e, portanto, vai ter muito pouco sossego!

dia do pai

Nunca liguei muito a estes dias "comerciais" mas este é o primeiro ano em que posso festejar dois pais fantásticos: o meu e o da minha filha. Parabéns e bom dia do pai aos dois.

12 de Março

Ontem festejamos dois anos de casados. Como no ano passado passei o dia e a noite a trabalhar e só celebrados dois dias depois, este ano tínhamos que assinalar a data. Só que da nossa união já temos um rebento que sexta completa dois meses e sair de casa para jantar era complicado. No entanto, o maridão fez-me acreditar que sim, que iríamos, os três, jantar fora. Disse-me para estarmos prontas às 20:30. Que nos passava a buscar. À hora marcada aparece em casa, manda-me para o quarto e prepara na sala o restaurante. Tinha consigo uma refeição completa preparada por um cozinheiro com estrelas e arranjou a mesa muito arranjadinha. Serviu-me o jantar e comemos de tudo o que a pediatra disse para não comer por causa das colicas... E não sei se foi disso, se foi porque ontem a última mamada foi bastante mais tarde, se foi porque metemos a Clara a dormir no berço porque a alcofa já é pequena...ou se foi tudo junto...mas a verdade é que esta noite dormimos muito mal. Ela e eu...mas não me importa, a noite de ontem valeu muito a pena!

Cameira Conti


A familia Cameira Conti completa

Aqui em Itália só se mete o apelido do pai, de maneira que a Clara se chama Clara Conti. Mas como tem mãe portuguesa e esta coisa de ter só um apelido me parece pouco, já aviamos o processo para lhe meter o meu apelido também. Clara Cameira Conti, vai ser.
E depois desse assunto resolvido vamos registrá-la no consolado Português e assim fica com dupla nacionalidade desde pequenina.
E o passo seguinte é naturaliazar-me italiana e o Pi português. Assim tornamo-nos os três luso-italianos.
E pronto, é isso! Tenho só que respirar fundo antes de entrar no furação da burocracia italiana...
Tenho imensa vontade de escrever aqui. De vir aqui gritar ao Mundo tudo o que me passa pela cabeça e pelo coração, mas os meus pensamentos voam demasiado soltos tendo sempre como ponto de chegada a pequena que dorme como um anjo aqui ao meu lado, e não quero ser monótona.
Já chega o que faço ao Filippo que me fala de trabalho e eu respondo com Clara. Se terá fome, sono ou cólicas. Não tenho concentração para mais nada, neste momento. Todas as noites, entre uma mamada e a outra, sonho que a estou a amamentar e tenho que acordar o pai para lhe perguntar se é verdade ou não.
Como a correr quando ela dorme, e de cada vez que fecha os olhos aproveito para ir fazer um chichizinho preventivo, não sabendo quando será a proxima vez que consigo ir com sossego à casa de banho. Nunca consigo dizer agora o que vou fazer daqui a duas horas porque estou dependente do sono e da fome da menina. Mas não faz mal. Nada faz mal. Eu só quero é que ela coma bem, durma como um anjo e que o seu choro seja só de sono ou chateação e não de cólicas ou qualquer outra dor.
E lá estou eu a pensar só nela e a ser monótona! E eu tenho sorte que tenho uma doçura de filha, que está quase sempre sorridente e tranquila, que a maior parte das vezes que chora é porque tem sono e basta adormeçê-la. Que come bem e cresce imenso com o meu leitinho. E que de noite dorme como gente grande (quase) e só acorda, normalemente, uma vez. Um sonho - pelo menos para já.

Podia, no entanto, contar tantas outras coisas...
Que é já um ano que moramos na casa nova, e como o tempo voa e a vida muda num instante.
Que na noite em que fui para o hospital para ter a Clara fomos convidados para fazer um concurso no México porque viram um nosso trabalho e gostaram muito - uma coisa surreal, ler o mail de convite entre uma contracção e a outra.
Que ando contente,  porque nos cinco anos que vivo em Foligno fiz bons amigos e tenho tido imensas provas disso ultimamente.
Que tenho o melhor marido do mundo. Que me compreende e apoia, mesmo quando sou chata, quando estou nervosa ou sou injusta - tantas vezes com ele...
Que tenho saudades de ir a Portugal e ver os meus pais, irmão e sobrinhos. E amigas de sempre...Que de noite, quando o sono teima em voltar, sonho com a nossa primeira viagem a três, que será lá para fins de Abril.
Que.
Que...
Que!
Mas a Clara é maior que tudo isto, por isso...desculpem a minha monotonia!

15/01/2013

Desde este dia que sou mãe da Clara.
Mãe.
Mãe...
Mãe!
É uma sensação única, inexplicável de ter alguém por quem esperamos nove meses nos braços e de repente paraçer que sempre a tivemos. É não perceber como podemos estar sem até aí.
A viagem foi longa, com a ratinha a nascer às 40 semanas e 6 dias. O parto foi imenso. A preparação para ele também. Os primeiros sinais que alguma coisa estava a mudar tive no dia 13 de manhã com a perda do rolhão mucoso e foi continuando com as primeiras contracções à tarde, e depois noite dentro e mais dia 14 inteiro até dar entrada no hóspital às 23h desse dia. Mas a Clara só nasceu às 12:59 do dia 15 com 3,240 kg e 52 cm, de parto natural sem epidural. E tudo o que vivi até aí, naquele último mínuto do meio-dia, passou. À uma da tarde já não sentia mais nada a não ser um amor profundo, puro, intenso, incondicional e para o resto da vida.
Os dois dias no hóspital correram bem, sempre em modo lapinha agarradinha à maminha, que adorou mal voltei a tê-la nos braços depois de examidada e lavada. Foi de tal forma que quase não perdeu peso nenhum. E assim continuou, uma comilona.
Voltar a casa trás inseguranças e medos, mas enquanto o Pi esteve aqui comigo e ainda estava em transe com o parto, as coisas correram muito bem.
Depois vi-me sozinha com esta coisa pequenina totalmente dependente de mim e caí no pânico absoluto, até porque tinha que tomar umas injecções para limpar melhor o utero (que acabaram por não fazer totalmente o efeito esperado e o meu médico teve que me limpar 10 dias depois do parto...) que me davam muitos calores e enervavam a Clara. Criou-se uma bola de neve entre a Clara chateada com a minha chateação que só quando estávamos quase a chegar ao seu mês de vida começou a estabilizar...
Agora estou muito bem, muito tranquila e serena como nos primeiros dias e muito satisfeita com o meu novo papel. Não quero outra coisa!
Mas confesso que a adaptação não foi fácil, que as primeiras semanas foram bastante duras e que não se sabe mesmo para o que se vai até se passar por isso.
Está-se sozinha, fechada em casa, com um ser que depende de nós 24 horas por dia, de dia e de noite, sempre. Para sempre. Não é verdade que se percebe logo o que um filho quer e que se distingue o choro como se diz no curso de preparação para o parto ou nos livros que se compram. Pelo menos não nas primeirissimas semanas. É preciso tempo e calma, e repouso é coisa que não se tem nessa altura.

Voltando à Clara, que é a protagonista nesta história: é uma bebé muito serena, de dia come, dorme soninhos pequeninos e já faz carinhas muito engraçadas e os primeiros sorrisos. Adora ver o que se passa à sua volta mas é independente, adorando estar na sua caminha a fazer ginástica e a ouvir a musiquinha que lhe meto. Falamos imenso. Será tagarela como a mãe! De noite dorme muito bem e há uma semana começamos a dar uns passeios e a pequena adora.
E não sei se são os olhos apaixonados de mãe, mas tenho uma filha linda de morrer, para além de ser um anjinho. Ora vejam lá! 

Não vale a pena dizerem que é a cara da mãe porque, pelo menos para já, é igualzinha ao pai tirando os lábios - que aqui não se veêm bem - e algumas expressões!

100% de upload concluído

é mais ou menos isso que diz a aplicação do meu telemóvel!
Chegamos à semana 40. Fim do tempo. Estamos prontas. Mas como aqui quem decide não sou eu, nem os médicos, é a Clara, esperamos mais 10 dias. Quase dois da espera "extra" passaram. Faltam 8. No máximo dia 19 nasce. É esperar.
Eu estou bem, serena. Não tenho uma barriga assim tão grande ou pesada. Claro, sinto-me um bocado mais cansada, mas nunca pensei sentir-me tão bem mesmo nos últimos dias de gravidez. Ainda guio,  trabalho, cozinho, faço tudo como se estivesse no sexto mês. Estou bem. E ela também e é isso que interessa. Para estar cá fora teremos o resto das nossas vidas!
Eu sei, este blog está a ficar monotemático. E teria outras coisas para contar, bem sei, mas não me apetece falar de mais nada. Agora já só penso no que me está para acontecer! É aguentar a seca! :)

2013

Queria ter vindo aqui muito antes.
Antes de ser Natal, o meu primeiro aqui em Itália, e desejar festas serenas a todos.
Antes de ser dia 27 de Dezembro e comemorar 5 anos que cheguei a Foligno.
Antes de ser passagem de ano e começar o ano novo, que provavelmente será um dos mais importantes da minha vida.
Mas não deu.
No dia em que decidi que, chegada às 38 semanas de gravidez o melhor era estar em casa, calma e quentinha, a caldeira avariou e a internet ficou com problemas.
A caldeira resolvemos logo no dia seguinte, a internet demorou mais um bocado. E agora estes problemas interessam-me muito pouco, para dizer a verdade! Tenho a cabeça, e o coração, noutro lugar. Projectados nesse dia incognito em que a Clara vai decidir vir conhecer o mundo.
O ano novo começou com a resolução de um problema em vista do parto. Drenagem da glandula. Pois...nada agradável, mas teve que ser. Depois disso repouso e só hoje começo a reconhecer-me.
Entramos na última semana de gestação, estou com 39 e 1 dia. Falta muito pouco mas por aqui está tudo tranquilo. A Clara parece gostar de estar dentro da barriga e continua a fazer a sua ginástica como se o espaço no utero não tivesse diminuido drasticamente. Promete.
Eu estou serena. Espero. Aguardo. O dia chegará e eu pouco controlo tenho nesta situação e portanto vou estando por aqui, a ocupar os meus dias. Os últimos antes de começar uma nova vida. Antes de ser mãe.