do meu ser luso-italiana

Percebo que me estou a integrar neste país quando passar oito dias numa praia onde se tem direito a um único metro quadrado de pedrinhas para estender a toalha não me faz confusão.

Lembranças

Ontem o vidro do lado do condutor do nosso carro decidiu que estava cansado e ficou parado a meio do caminho. Queixou-se um bocado, devia ser do calor abrasador logo às 7:45 da manhã, e depois parou. E agora está ali, meio aberto, ou meio fechado, como se preferir. 
Foi por isso que tive de usar o carro da avó do Pi. Adoro o carrinho dela. Pequenino, despachadinho e com o mínimo indispensável para andar na cidade. Adoro também vê-la a guiar, toda ela em miniatura, com os cabelinhos todos brancos cortados à rapaz e com ar de quem está a fazer uma corrida de rali.
Mas não era este o ponto. O ponto era que ao conduzir este carro fui transportada para mais de vinte atrás quando andava no carro do meu avô Zé. O barulho do pisca, o som do saltirar do paralelo, a leveza das portas mas o pum seco quando se fecham. E depois começei a fazer uma viagem ainda maior. Dos dias em que iamos para a praia e que podiamos guiar à vez à chegada ao estacinamento da praia de Afife e ao largo de casa. Das longas idas a Salema e da pausa obrigatória para comer um frango assado maravilhoso. De estar no banco de trás em brincadeiras intermiáveis com os manos, e do barulho suportado com tanta paciência e um lindo sorriso no banco da frente.
E por fim dou por mim a pensar que posso lembrar estes momentos só com uma pessoa e não quatro e dá-me um imenso aperto no coração. Mas mesmo assim, vale sempre a pena recordar porque, como dizia a canção, recordar é viver. E manter vivos os nossos queridos no coração.

Tenho saudades de sonhar que voo

De quando me deslocava com braçadas no ar. Ultimamente só tenho sonhos agitados, complicados, angustiantes. Deve-se passar alguma coisa com o meu sub-consciente. Mas também com o meu consciente. Sei de que mal padeço, não tenho é muita vontade de o trazer à superfície. Enquanto está aqui, só comigo, está melhor. Ainda posso pensar que não é real.
Era bom, mas era só um sonho...e é esse o problema.

Hoje sim, estou de férias

Embora ontem já tenha acordado na casa de praia, despertei às 7:15. Foi então que percebi que o meu corpo ainda não tinha entrado no modo férias
Para resolver a questão o mais rapidamente possível, durante o dia andei mais de 20km a pé, deitei-me tarde e não dormi sequer a sesta na praia. 
Deu resultado. Hoje já acordei às 9:30. Só que tenho uma bolha no dedo mindinho do pé esquerdo...

Trabalhar por conta própria

No início, quando pela primeira vez se falou em ir de férias, dissemos que partiriamos sábado dia 6.
Mete-se uma coisa, mete-se outra, adiamos para quarta-feira dia 10. 
Hoje de manhã cedo o programa era trabalhar só mais hoje e amanhã acordar com calma, não deixar quase nada para fazer mas ainda continuar por aqui a resolver as últimas coisas e começar a entrar em modo férias.
O problema é que um engenheiro só se pode encontrar connosco quinta de manhã. Então toca a adiar a partida para quinta à hora de almoço. Para já. Ainda só são nove da manhã de terça, muita coisa ainda pode acontecer...Trabalhar por conta própria tem destas coisas. E não marcar hotel ou voo também!

Pior que estar doente

preocupada comigo mesma e a preocupar quem gosta de mim, é ouvir a sogra a dizer que da próxima vez que for ao médico quer vir comigo! Eu sei que o faz com a melhor das intenções mas eu nessas coisas não gosto nada de companhias. Nem os meus pais, quanto mais! O marido sim, esse pode lá estar. Ou melhor, deve! Para me dar a mãozinha quando começar a suar frio que eu detesto ir ao médico e dá-me sempre vontade de chorar antes de entrar. Mas agora a sogra? A sogra?
Alguém tem alguma sugestão para a despistar? Mas sem ofender os sentimentos que pior que uma sogra a participar na minha consulta é uma sogra de mal com a nora.

Já estou a melhorar

e pronto, em resumo era só mesmo isto que tinha para dizer!
Os pormenores da minha melhoria podem traumatizar as pessoas mais sensíveis portanto não me vou meter para aqui a falar sobre isso. Mas a verdade é que depois de vários dias a sofrer bastante hoje já estou mais alividiadinha. Ainda sinto qualquer coisa mas acho que só vou tomar mais hoje comprimidos para a dor. E hoje ainda vou seguir o conselho do maridinho (ou maridão) e ficar aqui sentadinha ou deitadinha. Amanhã também já não sei se aguento que isto é mesmo uma seca. Mas se calhar devia. Se calhar devia ter mais juízo e deixar de me armar em super-mulher e recomeçar a fazer a vida normal aos primeiros sinais de melhoria. Afinal de contas isto já se arrasta desde Outubro do ano passado e desde aí já fiz 7 ciclos de bombas (vulgo: antibióticos-hiper mega-potentes). O que dá uma média de 7 dias de antibiótico cada mês e meio. E algo me diz que isto não é nada bom. Não é não!


Garden State

Hoje finalmente vi o filme. Passavas a vida a dizer que não sabias como nunca o tinha visto e que, assim sendo, tinha que o ver.
A banda sonora acompanhou-me durante muito tempo, aconselhada por ti.  Cheguei a adoptá-la para a minha vida. Ainda hoje, quando ouço let go vejo-me a ir de bicicleta para o gabinete, começar a saltitar no paralelo da Papanata (ainda com árvores), olhar para cima e ver a luz do sol a vibrar entre as folhas. Acredito que esta música ficava mesmo bem neste cenário. Acho que até te cheguei a dizer isto. Se não, digo-te agora. E que tinha mesmo que ver o filme. Que o queria mesmo ver, isso tenho a certeza que te disse.
E foi o que fiz hoje.
Adorei. Não sei como demorei assim tanto para o ver. Pensei imenso em ti. Em todas as horas que passavamos a falar dos filmes que vias e que de certa forma ficavas obcecado. Eras um bocadinho chato sabias? Mas eu aguentava-te. E aguentaria ainda hoje. E nunca mais acharia uma seca...Não que achasse antes, embora às vezes fizesse só de conta que te estava a ouvir. Mas tu sabias disso. Nunca achei muita piada ao Memento e tu insistias demasiado com esse.
Bem, de qualquer forma, vim aqui só para te dizer que vi Garden State e gostei mesmo muito. Tinhas razão quando dizias que ia adorar. 

Correndo o risco de me tornar repetitiva

ontem lá fui eu de novo ao médico, lá me foi diagnosticada a mesmissíma coisa, lá recomeçei outra vez com os antibióticos e as pomadas e mais sei lá o quê...M***A