Da culpa

Isto de ser mãe e' tramado. E' só sentir culpa, e já desde a gravidez.
Andava eu cansada mas toda contente da vida a fazer de tudo como se não estivesse com sete meses de gestação. Caminha para o trabalho, vai a ginástica, pega na Clara e tudo aquilo que enumerei no ultimo post. E' certo e sabido que andava cansada mas que grávida do segundo filho não anda? Hoje consulta das 30 semanas  e um grande 'alto lá' do médico! Repouso quase absoluto durante dez dias que o colo do útero está curtindo. Há que descansar grande parte do dia, ou quase todo, sentada  não vale, e' preciso estar deitada ou quase. E tomar magnésio e meter uns óvulos para ver se o útero se acalma...
Sai da consulta com uma vontade imensa de chorar. Só pensava porque fui tão estúpida, porque me senti assim invencível ao ponto de querer fazer tudo e de tudo. Porque e' que achei que era capaz de ser heroína? E a culpa, a culpa...
Mas não chorei. Não podia. Estava a voltar para casa, para a minha filhota de dois anos e dois meses que passou a noite a queixar-se de um ouvido e a arder em febre. Nem com ben-u-ron foi lá... A queixar-se muito do ouvido do qual na quinta a' noite se queixou uma vez para voltar a adormecer e que nunca mais referiu embora nunca mais tenha dormido bem. Achei que eram dentes e um bocado de constipação. Qual que, era otite e hoje já num estado avançado... E como e' que eu não percebi? Para onde estava a olhar? E mandei-a para a creche, e saímos juntas, ... Que mãe desnaturada... E a culpa, sempre a culpa...

o cansaço

Ora bem, desde a última vez que cá vim já se passou mais de um mês e muita coisa aconteceu. Como sempre, tive várias ideias para posts, quis escrever muita coisa por aqui mas fui adiando, adiando e de certa forma foram perdendo sentido.
Depois de recuperar as forças com tanta constipação e noites mal dormidas, tive direito a comover-me pela primeira vez com uma ecografia. Juro que nunca me tinham vindo as lágrimas aos olhos em nenhuma consulta mas há um mês fui ver a Diana e vê-la assim tão perfeita a crescer mexeu com qualquer coisa cá dentro.


Diana às 26 semanas de gravidez
Digam lá se não é linda?

Talvez porque esta segunda gravidez esteja a ser mais "pesada". Ando mais cansada, a barriga parece-me maior, tenho menos tempo para ciudar de mim e menos ainda para pensar nesta bebé que está a crescer e que daqui a 10 semanas, se tudo correr bem, está cá fora. Sim, porque já ultrapasssei as 30 semanas, o tempo voa, foge-me por entre os dedos e não tenho tempo para fazer mais nada que não seja trabalhar de manhã depois de tratada de toda a logistica da casa e entrega da Clara na creche. Voltar a ir buscá-la e tratar do almoço e arrumar cozinha, meter a dormir e cair redonda eu também. Depois é brincar, passear, tratar de banhos e jantares. Arrumar mais uma vez e pronto, voltar a aterrar no sofá. O tempo para pensar na chegada da Diana reduz-se às aulas de hidroginática para grávidas duas vezes por semana e a uns minutos antes de adormecer, em que a sinto aqui a chamar por mim, a dar pontapés para reinvindicar a atenção que não lhe dei durante o dia. Porque não me sentei todas as vezes que me senti cansada, porque peguei várias vezes na Clara ao colo, porque andei a pé mais do que devia...
Mas entre uma saída e outra lá tenho conseguido comprar o enxoval para a bebé, pensar no cantinho dela no quarto das meninas e programar as próximas semanas. Devagar, devagarinho, lá chegaremos, acredito!
Para aumentar ainda mais o cansaço (mas por outro lado aquecer o coração), no início do mês fomos pela última vez a Portugal antes do nascimento da Diana. Fomos só nós as três, as meninas da casa. As viagens de avião correram muito bem, como sempre. A Clara é uma viajadora, adora aeroportos, aviões e todos os mimos e atenções que lhe dão. A casa dos avós é como uma segunda casa para ela, reconhece tudo, não estranha nada nem ninguém e isso é uma sorte que reconheço ter e espero que com a irmã não seja diferente. Mas claro, mesmo sendo tudo familiar, há sempre uma pequena adaptação a fazer, muitas escadas para subir e algumas birras extra para gerir. Tudo isto com o barrigão fica mais difícil de suportar e o cansaço de recuperar.
De resto tudo a andar, à parte a estação estar a mudar e a minha pressão arterial a baixar aos mínimos consentidos. Digamos que o que mais me ouvem dizer ultimamente é "estou cansada". E estou. Podre, de rastos. E acho também que isto da gravidez é lindissimo, mas que a segunda devia ser mais curta! :)