das férias

faz quase uma semana que voltamos das duas de férias na praia.
E que bem que me fizeram, estava mesmo a precisar e o post anterior é prova disso. Estava muito cansada e farta de aguentar o calor nesta cidade sem mar. (e este ano não foi mau, já que foi só uma semana ou duas de temperaturas tórridas)
As férias, claro, correram muito bem. Foi ótimo estarmos os três. O namoro dos pais e dos pais com a filha. E do pai com a filha. E estamos os dois outra vez 24 sobre 24 horas juntinhos. Sim, porque nós estamos melhor quanto mais tempo passamos juntos.
E mesmo com os horários da pitorra para respeitar, não há nada como acordar cedo mas com calma, mergulhar no mar, almoçar e jantar ao ar livre e fazer com a pequena todas as horas da sua sesta.
Já estou a contar os dias para o Natal.


Eu, mãe Rita, me confesso

Antes de ter a Clara, mesmo durante os nove meses de gravidez, não compreendia as mães que se queixavam. No meu íntimo achava que eram umas tontas, umas tolas, umas ingustas. Achava que o simples facto de terem um filho era já suficiente para não terem qualquer tipo de lamento. Que se queixavam que ele isto ou aquilo então eram pessoas não aptas a ser mãe.
Vergonha, Rita, vergonha!
Descobri, às minhas custas, há quase sete meses, que isto da maternidade afinal não é romântico como tinha imaginado.
Ponto número 1: é um trabalho altamente rotineiro. Acorda, muda fralda, dá de mamar, dá o arzinho, brinca, adormeçe, brinca, muda fralda, prepara almoço, dá almoço, dá arzinho, brinca, adormeçe, muda fralda, brinca, dá de mamar, dá arzinho, brinca, adormeçe, dá banho, prepara jantar, dá jantar, dá arzinho, lê história, adormeçe. E no dia seguinte a coisa repete-se sempre, mais ou menos, às mesmas horas. Durante uma semana é giro, depois de um mês é só encher chouriços.
Ponto número 2: desde que se tem um filho tem-se muuuuuito mais coisas para fazer em casa. Se já era odioso limpar, arrumar, lavar e passar a ferro antes de se ter o dito cujo, imagine-se agora...
Ponto número 3: não é porque se tem um filho que o resto do Mundo desaparece. Felizmente continua-se a ter um marido, família, amigos e trabalho. Muitas vezes, porém, é complicado coordenar o filho com uma destas pessoas, quanto mais com várias e o trabalho. Ter de renunciar à vida social sem preocupações ou conseguir estar concentrada numa conversa de adultos mais de dez minutos seguidos é obra.
Ponto número 4: mesmo que não queiras esqueçer-te de ti, inevitavelmente passas para pelo menos segundo lugar nas prioridades da vida. Primeiro vem sempre o filho e quando os pêlos começam a crescer ou os cabelos a ficar oleosos a coisa é muito chata (chegas mesmo a vontade é de enfiar o puto num quarto escuro).
Ponto número 5: o choro do bebé, pelo menos para mim, não é muito fácil de interpretar. A coisa vai à base de tentativa-erro. À vezes é preciso mais do que uma tentativa, e com tanto erro à mistura os nervos ficam à flôr da pele e dá vontade de fazer fast foward até à idade adulta da criança. Até porque, pelo menos comigo, não funciona a teoria do deixa chorar que lhe faz bem. Aquele som entra-me nas entranhas e fico num estado de irritação tal que enquanto da criança não se cala eu não sossego.
Existem mais pontos, mas fundamentalmente são estes. É claro que se fosse mau ninguém tinha mais do que um filho.
A maternidade é um mar de amor. E como tal, tem horas de maré cheia e maré vaza. Dias de mar chão e dias de marés vivas. Meses de vê-lo andar para a frente e para trás de longe e nos deixarmos inundar de calma, outros em que nos atiramos lá para dentro e nos divertimos com o seu movimento, e outros ainda em que temos medo, queremos voltar à terra firme e ficar só em sossego.
É um compromisso para a vida. Queremos o melhor para eles e sabemos que só o bem do Mundo não lhes podemos prometer. Um dia terão que se defrontar com as contrariedades da vida. E ao primeiro espirro, queda ou distracção ficamos logo a pensar que a culpa é nossa e que provavelmente não somos boas mães.
Desde o dia em que nasce passa-se a viver neste limbo de felicidade e preocupação, amor e cansaço, muito cansaço. E portanto tenho que dar a minha mão à palmatória. Também eu me queixo. Também eu tenho saudades de dormir uma noite inteira num sono profundo. Também eu tenho saudades de sair sem horários para voltar. Também eu tenho saudades de comer e beber o que me apetece. E sei bem o quanto a minha vida não teria sentido se a Clara não estivesse aqui comigo. Porque mesmo com a depilação por fazer, as olheiras por esconder e a gula por enganar, não há nada neste Mundo melhor que o sorriso da minha filha. E acompanhar as descobertas que faz todos os dias.

o filme de ontem

da vida d.c. #2

Já se sabe, a chegada de um filho muda muita coisa. Muda a vida da mãe, a vida do pai, a vida do casal, a vida da casa.
Muda para melhor, dirão todos vocês. E sim, em muitas coisa muda para melhor. Mas não é por isso que não sentes falta da vida antes da chegada do filho. De não ter horas, obrigações. De dormir quando queres ou sair de casa sem mil e uma tralhas às costas ou preocupação se estará muito calor ou frio ou vento ou...
Enquanto dava só de mamar chegava à última mamada do dia podre. Acabava por adormeçer sempre no sofá com a Clara encostada no meu ombro para dar o arzinho. Dar de mamar é maravilhoso mas cansa. Esgota mesmo. É bom, que é, mas como em tudo na maternidade, tem uma enorme carga de sacrifício e cansaço à mistura.
Há coisa de um mês e meio a Clara começou a almoçar. A coisa foi indo, muito lentamente. Aliás, durante um mês era umas colheres e depois maminha. Demorou muito até que comesse a papinha toda, mas foi bom porque foi gradual e o meu corpo também se foi habituando aos pouco a não produzir tanto leite àquela hora. E quando começou a gostar mesmo daquele momento, o da papa, chegou a hora de dar-lhe também o jantar, há pouco mais de uma semana. E aí é que foram elas para mim. Papa toda comida e, portanto, nada de maminha (porque eu não a quero sobrealimentar que já é bastante gordinha, porque se lhe oferecesse o peito tenho a certeza que mamava!). Peito muito cheio, noites com dores...Mas em dois dias passou e agora que lhe dou o jantar, não lhe dou de mamar e me sinto bem, tenho os serões de novo para mim e para o maridão! Ah, maravilha, voltar a estar os dois, bem acordadinhos, a ver um filme! Aos poucos vamos reconquistando o nosso espaço, o do casal, e isso é ótimo. (e continuo a dar de mamar nas outras refeições à pirralha, que também adoro: aquele momento só nosso, em que a minha bebé está ali, agarradinha a mim, só a mim)

mais uma portuguesa no mundo

a Clara Cameira Conti. Desde ontem à uma da tarde! Já está registada em Portugal também, já tem dupla nacionalidade, a minha luso-italiana mais linda, que já rebola para todos os lados e tenta gatinhar para apanhar os brinquedos mas ainda não percebou como se anda para a frente e então faz marcha atrás!


De resto nada de grandes novidades.
À parte o calor abrasador que por aqui se faz sentir e que daqui a quatro dias vamos os três duas semaninhas de férias para a praia. Primeiro para a casa da praia e depois para a Toscana.