Isto do luto é mesmo estranho.

Vivemos com a certeza da morte. Mas nunca estamos preparados quando ela chega.
Depois tentamos assimilá-la. Compreendê-la. Viver com ela. O tempo passa e compreendemos que é uma luta. E como bons guerreiros que devemos ser, superamos e tentamos vencê-la. Não à morte, que para ela não à solução, mas à vida. Temos que continuar a viver.
Depois, com o tempo, chega um dia que acreditas que o pior já passou. Que grande parte da aceitação está feita e respiras quase de alívio. E é nesse dia que acordas mal disposta porque durante a noite sonhaste com essa pessoa querida. Sonhaste com a morte. Não com a sua mas com a de um seu semelhante e ouviste os seus desabafos. Aqueles tão próprios do luto. Semelhantes aos que tu desabafaste. De um irmão sobre outro irmão...
Acordas com a angústia no peito e percebes que esta luta não tem fim. Que podes até vencer algumas batalhas, mas que a vida é muito longa para a irreparabilidade da morte.

Primavera

Hoje começa a Primavera. Maravilha!
Depois de um Inverno cheio de chuva, a nova estação começou com sol e temperaturas ótimas. E portanto temos tirado do armário as roupas mais frescas e da garagem os novos meios de transporte, a bicicleta e o carrinho de bebé ultra leve. Mas mais importante de tudo, temos passado as tardes no jardim a brincar com as pedrinhas, nos escorregas e baloiços e com as outras crianças que por lá andam.
A Clara é o verbo ir. Está empre pronta para sair e se for de bicicleta ainda melhor. E como bebé desinibida que é, vai "falar" com todos os novos amiguinhos no parque. Apetitosaaaaaaa!

Parabéns a nós

Mais um ano passou, deste nosso casamento. Já contamos três e, mais uma vez, festejamos com a vida normal. Não vale mesmo a pena fazer planos para grandes festas no dia 12 de Março, está visto!
No primeiro ano passamos a noite a trabalhar para entregar a super maquete (2012). No segundo a Clara era muito bebé e celebramos em casa, com um jantar surpresa organizado pelo maridão (2013) . Ontem era para termos ido jantar fora, ou passar o fim-de-semana fora. Qual quê? A Clara desde terça que tem febre (e não sei porquê, tem só febre) e portanto não tive coragem de deixá-la em casa com a avó. Nem a deixei com a babysitter de manhã. Estou eu aqui com ela que o mimo da mãe cura mais que ben-u-ron. De maneira que nem ao supermercado fui e temos o frigorífico vazio. Conclusão: jantamos pizzas no sofá enquanto viamos o vídeo do casamento. E assim recordamos os detalhes desse dia tão feliz.

Na caixa de um supermercado

Esta bebé é tua filha?
É sim.
Oh meu deus, que mundo este...tão novinha e já com uma filha. Credo....
Quantos anos me dá?
Sei lá. Tipo 15!
Tenho quase 33.
Pois, 15 era muito pouco mas não te dava mais de 20.
Obrigada. Mas tenho quase 33.
Olha, com essa cara e corpinho vais chegar aos 50 anos e ainda podes parir.
Veremos...



E é isto. 

9 de Março de 2014

É já o terceiro ano que não te ligo para te dar os parabéns, meu peixinho. 
Este ano, um pouco para te festejar e outro tanto para tentar não lembrar a tua ausência, pensei em ir passar o dia à praia com a minha família, família que nunca chegaste a conhecer. 
O dia estava lindo, de sol, de quase Primavera. O mar estava vivo. 
A ideia era, para além de te celebrar na praia que tanto gostavas, relembrar-te à mesa, a comer e beber bem que era uma outra tua paixão.
Não nos lembramos foi que sendo um dia de sol único neste ano de chuva, a mesma ideia passou na cabeça de muitos italianos e portanto todos os restaurantes com vista para o Adriático e com boa comezaina estavam cheios. Depois de voltas e mais voltas, acabámos sentados numa mesa de uma quase tasca sem vista para o mar nem para lado nenhum. A Clara cheia de fome e depois cheia de sono. Almoçamos às prestações, eu e o Filippo. Quando a pequena finalmente se rendeu ao sono fomos dar um passeio a pé, mas o sono durou muito pouco...
Decidimos ir até ao Ikea comprar umas coisas que nos faltavam em casa. Grande erro. Estava à pinha. Coisa que detestavas, e eu também não suporto, nem a Clara pelos vistos que já nem reclamar conseguia de tão baralhada que estava.
Partimos demasiado tarde. A Clara começa a dar grandes sinais de fome. Parámos pelo caminho para lhe dar uma sopa e nós comemos uma pizza. A correr. Já só queriamos todos chegar a casa. A casa de onde tinha fugido para não te pensar (tanto) ou de onde tinha saído para te homenagear, já nem sei.
Se o objectivo do dia era não pensar (tanto) em ti, então atingimos o objectivo. Com tanta correia nem tive tempo... 
Mas hoje, dia 10 de Março, estou estourada e com uma sensaçaão ainda mais amarga. Porque nem te esqueçi, nem te lembrei ontem. Não te chorei, nem saboriei um dia de ligeireza como gostavas de viver nos vinte e sete 9 de Março que passaste.

de volta à bicicleta

Imenso tempo depois. Pelo menos dois anos e meio depois, que entre glândula, gravidez e os primeiros meses da Clara, durante muito tempo não deu.
No outro dia meti-a a fazer a "revisão" e a pôr uma daquelas cadeirinhas para bebés. Ontem fui buscá-la e hoje, mesmo não estando sol nem calor, não resisti em vir para o gabinete a pedalar.
E não é verdade que nunca se esqueçe como se anda de bicicleta? Parecia que nunca a tinha deixado na garagem.
Ah!...que sensação maravilhosa o vento a bater na cara!...

what the fuck...

Não há nada como viver para aprender. É verdade. E ontem aprendi às minhas custas e juro, mas juro, que nunca mais vou esqueçer.
O maridão estava sempre a dizer para ir a uma loja de roupa de criança que conheçemos os donos (e em especial a filha dos donos) comprar qualquer coisa para a Clara. Pois a dita loja tem coisas muito giras, mas muuuuito caras, e portanto em nunca tinha lá entrado a não ser uma vez antes da Clara nascer com a minha sogra (e portanto pagou ela!) e no início deste Inverno para lhe compara um gorro (que mesmo assim, para o que era foi caro, mas pronto, era um gorro e portanto não podia ser assim taaaaanto dinheiro).
Nos anos da Clara, há quase dois meses, ofereçeram-lhe uma fita de cabelo da tal loja que só no outro dia reperei que lhe estava mínima.
Que vergonha Rita, ires lá agora trocar, ainda por cima nunca compraste lá nada...
Ontem enchi-me de corajem e lá fui, com a fita.
Mal entrei começa a dona para a empregada sabes quem é? é a nora do T. e da C.! Como está o Filippo e a P.? E a avó? 
Explico a história da fita, troco a fita e penso que tal comprar aqui o bolero para o casamento da B.? Mostram-me coisas bonitas mas com armani escrito no peito, ou simbolos de grandes marcas e eu não acho piada nenhuma a essas coisas. De maneira que peço para ver um conjuntinho giro. Para ver o que têm. Entre várias coisas fofas e bonitas, eis que apareçem com uns calções às riscas azuis e brancas em algodão combinados com um top de alçinhas aos folhos em algodão e bordado inglês. Lindo!
Apaixono-me pelo conjunto apresentado num único cabide e com um preço marcado numa das peças. Era um preço alto para ser só para uma peça mas bastante aceitável para ser pelas duas, 65 euros.
Pronto, está bem, levo.
Começa a fazer a contas e qual não é o meu espanto quando ouço 170 euros, a diferença das fitas +e 5 euros mas não te meto. tudo é 170 euros. 
Como, desculpe? Fiquei paralizada. Paguei e calei porque não tive coragem de fazer mais nada. Conheçem tooooda a família do Filippo, eu conheço a filha que é umas das melhores amigas de uma grande amiga minha cá, nunca tinha comprado lá nada, tric e trac e pronto...
Saí da loja o mais depressa que consegui. Corri para casa e não é que o período me chegou mais cedo?
Nunca mais. Nunca mais. Nunca mais. Nunca mais compro nada sem perguntar o preço antes. Nunca mais confio nos preços que vejo marcados. Nunca mais. Juro!

é o conjunto da menina do meio