dos sonhos

Há muito tempo que não sonhava tanto. Durante a gravidez, e sobretudo no final que as noites eram muito mal dormidas e sempre interrompidas (ora chichi, ora mudança de posição, ora insónia), sonhei muito. O sono era sempre muito leve, talvez por isso. Mas desde que a Clara nasceu que sonho, ou sonhava, muito menos. Muito provavelmente quando dormia, dormia profundo!
Mas ultimamente tenho tido noites atribuladas com sonhos e tenho-te encontrado muitas vezes, meu anjo.
Encontro-te e falamos, estamos juntos mas depois acordo e não me lembro de nada, só da sensação de ter tido comigo mais uns segundos...e as saudades apertam.
Durante a gravidez acho que fui ajudada pelas hormonas, mas agora que os níveis se devem estar a equilibrar e tenho mais tempo para pensar noutras coisas que não seja Clara-Clara-Clara, dou muitas vezes por mim a pensar-te e em como seria a minha vida, a da Clara e sobretudo a tua se não tivesse havido aquele 5 de Dezembro.
Percebo que o que aconteceu jamais terá solução. Que para sempre terei que viver com este vazio e que chegará o dia que terei que explicar à minha filha que tem mais um tio, que esse tio se a tivesse conhecido a teria adorado e lhe teria ensinado muitas coisas entre beijos e brincadeiras. Que seria louco, mas louco, pelas suas bochechas mas que lhe daria sempre os beijos na testa, muito apertados. Que estaria sempre pronto para se meterem deitadinhos, juntinhos no tapete da sala dos avós para dormir uma soneca antes de jantar. Que se lhe pedisse com os seus olhos doces para rebolar na relva ele iria sem hesitar. Que adoraria estar na praia a ver o mar em silencio e a fazer festinhas no cabelo e que se lhe pedisse o último bocadinho do seu lanche ele lhe daria e diria o amor dá o último pedaço.

e depois vejo este sorriso

Clara, 5 meses de serenidade

e percebo que todos os sacrifícios (e mais algum) valem muito a pena!

isto da maternidade é maravilhoso

maaaaaaas, há mais de 14 meses que não posso comer o que me dá na real gana.
Primeiro era a toxoplasmose. E os nove meses de gravidez passaram depressa porque de presentos e carnes cruas não sou grande apreciadora. Custou um pouco a passar o Verão sem poder comer verduras cruas fora de casa, mas nada de grandes sacrifícios. Os enjoos também ajudaram a que nem tudo que sempre gostei me soubesse tão bem, como o café ou os doces.
Mas agora é pior. Agora estou a dar de mamar e não tenho enjoos. Mais, tenho uma fome de leoa. Uma fome como nunca tive na minha vida (o que vale é que a Clara suga tudo e não engordo uma grama). E é tudo pior. O café faz pior, o chocolate ainda mais e depois temos as cólicas e as hipotéticas intolerâncias às protainas do leite e ovos. E eu A-D-O-R-O queijos, o meu café com leite de manhã, uns ovinhos mexidos, ou cozidos ou estrelados e podia continuar. Fui a Portugal 10 dias e foi a verdadeira tortura sem natinhas, ou croissant com queijo pressandos, ou mousse. Não posso comer nada disso. N-A-D-A.
Isto da maternidade é maravilhoso, que é, e dar de mamar é muito bom e prático e tudo mais, mas é preciso ter muuuuuuita força de vontade e pensar cinco vezes antes na pequena e no seu bem estar antes de pensar no meu...é obra.
Ah, mas quando deixar de dar de mamar vou-me vingar! E engordar aí uns dez quilos tantas são as vontades que tenho!

E com este post prometo voltar com mais frequência a escrever aqui, se é que ainda alguém me vem aqui ler...