Pensamentos de uma emigrante

Nunca uma ida a Portugal é igual à outra. É diferente o que vou lá fazer, o tempo que vou estar, a época do ano, o meu estado de espirito, o que encontro, quem encontro, como encontro. Por uma razão ou por outra, nunca saí de lá a pensar E pronto, foi mais uma vindinha à terrinha. A vindinha do costume.
E portanto voltar a Itália também é muito diferente.
Já senti muito medo, quando aterrei pela primeira vez. Já senti a alegria imensa de quem volta a casa. Já senti uma força muito grande que me empurrava de novo para o avião. Já senti um grande cansaço depois de um dia inteiro a viajar (muito embora no avião só tenha estado três horas). Já sorri quando voltei a ouvir italiano e já me senti irritada quando me deparei de novo com a chico-espertiçe deles. Já senti uma estranha sensação de normalidade no que estava a fazer. E já ouvi dentro de mim a pergunta o que estás aqui a fazer?
Desta vez, sou sincera, saí de casa com imensa vontade de não deixar o Pi sozinho. Mas, na hora de voltar, pensei que Até era bom se o voo fosse cancelado. Queria ficar em Viana só mais um bocadinho assim. Justo o tempo que era preciso para poder voltar a percorrer aquelas ruas a pé, para sentir mais uma vez a areia  a escaldar nos pés, para cheirar o vento salgado, para conversar mais um bocadinho, para estar no jardim a apanhar sol, para acordar a minha mãe e tomar o pequeno-almoço com ela, para dar uma volta com o meu pai e para ser mimada pela Kuata. E claro, tinha que ficar o tempo que fosse preciso para comer as bochechas do Vasco e abraçar o João. Se calhar foi mesmo isso que ficou a faltar, desta vez...

2 comentários:

Anónimo disse...

Maninha,
De facto o que ficou a faltar foi o Vasco a chamar pela titi, o poder abraçar-te, o usufruir dos teus dotes culinários, ouvir as tuas estórias italianas e, acima de tudo, estarmos todos juntos.
Mas, o importante é acreditar que estaremos todos juntos em breve.
Saudades,
João

Bacouca disse...

Ritália,
Foi pena eu não saber disso tudo pois tinha telefonado para o aeroporto a dizer que havia bomba a bordo!
Passou a correr, nem vale a pena dizer os remorsos que tenho de ter arranjado pretextos para ficar em casa (dizem que é uma face do luto fecharmo-nos ao mundo exterior), mas aprendi a lição: com vento, sem vento vou!
O Vasco junior também fez muita falta com o seu tagarelar o "titi" os beijinhos,
as suas croks e a companhia da Sara e João.
Ficará para a próxima se Deus quiser.
Beijo