não é o parto e tanto menos o post-parto
não é o primeiro mês da vida do bebé e a montanha russa de emoções
não são as noites de pouco sono
não são as cólicas
não é o nascimento dos dentes
não é a posição corcunda até eles começaram a andar com o próprio pé
não são as birras
nem nenhuma outra fase do desenvolvimento natural do bebé/criança/adolescente/jovem
o pior de ser mãe são...
as outras mães.
Sim senhores, leram bem, as outras mães. As outras mães são seres altamente. Altamente...
...competitivos que dizem que o rebento com dois meses já rebola ou com um ano já lê (casos que os meus ouvido tiveram o prazer de testemunhar).
...expertos em medicina e puericultura que acham que só como fazem elas está bem e que passam a vida a dar-te lições de como fazer com o teu sem pedires, queres saber ou, na maioria das vezes, precisares.
...críticas em relação ao teu filho ou, pior, ao teu ser mãe. Olham para ti com menosprezo quando o teu filho faz birra, quando não come, não dorme ou não faz o que elas acham que deveria fazer. Acham que elas fariam muito melhor e sobre elas não caí nunca uma nódoa porque são mães exemplares. São do melhor que há.
...amnésicos que já nem se lembram como foi difícil sobreviver aos primeiros tempos do bebé. Aliás. baby blues é coisa de livros, nada que elas tivessem vivido. Também não se importam nada de estar o dia todo a tomar conta da crinaça porque é tudo amor e beldades e não têm memória de um dia difícil. O filho delas também nunca fez birra e portanto olham-te com estranhesa quando te queixas, quando estás cansada ou sem paciência.
É claro que há execpões que confirmam esta regra. Tenho amigas (boas amigas) que falam da maternidade com abertura e naturalidade, sem pudores. Que se queixam das coisas menos boas porque sabem que não são elas que invalidam o amor que se sente por um filho, a dedicação que por ele se tem, a felicidade que se sente. Que não me olham de canto quando digo que o primeiro mês de vida da Clara para mim foi terrível. Que as hormonas e o cansaço que chegaram a fazer pensar mas porque é que eu me meti nesta. Que se riem comigo dos meus disparates e partilham as inseguranças.
Mas estas são as minhas amigas, a outra categoria já o deixou de ser.
33
Mais um ano para a conta.
Este ano capicua pela terceira vez.
Não sou supersticiosa. Sou uma pessoa de factos contretos e não de crenças. Passo debaixo de escadas, consigo dar passos atrás sem fazer cruzes, podem varrer-me os pés, já parti um espelho sem entrar em paranóia, e por aí fora. Acredito sim, no meu sexto sentido e no azar que se esconde atrás dos meus anos capicua.
Aos 11 a minha mãe foi operada e embora não soubesse nem tivesse noção da gravidade da coisa na altura, ter ficado longe da minha mãe durante uns tempos e tê-la visto no hóspital e depois em recuperação (ainda que rápida e aparentemente fácil...) foi suficiente para ter até hoje recordações amargas dessa idade.
Aos 22 a minhã avó Alda morria sem pré-aviso atropelada por um autocarro. Acho que não preciso acrescentar mais nada a esta frase.
Claro que sei que todos os anos são recheados de coisas boas e más. Alguns com coisas muito piores que outros. Quando o Afonso morreu tinha 29 e o grande azar deu-se na mesma. Tenho a certeza que aos 11 e aos 22 também tive episódios felizes (mas não me lembro, a verdade é essa...). Mas não gosto nada de ter idade capicua, que posso eu fazer?
Bem, dia vinte lá tive de começar a contar este ano. Gostava de fazer como os chineses que nos prédios saltam os andares dos números que não gostam e o elevador não pára no piso fatidico. Mas não posso. Lá terei que o viver estes 365 dias.
E posso até dizer que, ao contrário de todas as expectativas, começou bem, muito bem.
Que seja um bom augurio, então!
Este ano capicua pela terceira vez.
Não sou supersticiosa. Sou uma pessoa de factos contretos e não de crenças. Passo debaixo de escadas, consigo dar passos atrás sem fazer cruzes, podem varrer-me os pés, já parti um espelho sem entrar em paranóia, e por aí fora. Acredito sim, no meu sexto sentido e no azar que se esconde atrás dos meus anos capicua.
Aos 11 a minha mãe foi operada e embora não soubesse nem tivesse noção da gravidade da coisa na altura, ter ficado longe da minha mãe durante uns tempos e tê-la visto no hóspital e depois em recuperação (ainda que rápida e aparentemente fácil...) foi suficiente para ter até hoje recordações amargas dessa idade.
Aos 22 a minhã avó Alda morria sem pré-aviso atropelada por um autocarro. Acho que não preciso acrescentar mais nada a esta frase.
Claro que sei que todos os anos são recheados de coisas boas e más. Alguns com coisas muito piores que outros. Quando o Afonso morreu tinha 29 e o grande azar deu-se na mesma. Tenho a certeza que aos 11 e aos 22 também tive episódios felizes (mas não me lembro, a verdade é essa...). Mas não gosto nada de ter idade capicua, que posso eu fazer?
Bem, dia vinte lá tive de começar a contar este ano. Gostava de fazer como os chineses que nos prédios saltam os andares dos números que não gostam e o elevador não pára no piso fatidico. Mas não posso. Lá terei que o viver estes 365 dias.
E posso até dizer que, ao contrário de todas as expectativas, começou bem, muito bem.
Que seja um bom augurio, então!
Ah, isto de educar....
Ontem, pela primeira vez em 20 meses, mandei a Clara para a cama sem jantar.
Não me preocupo nada que um dia ela coma menos. Come sempre bem, está gordinha, bem de saúde e portanto nunca a forço a comer. Percebo que haja dias que está mais cansada, mais rabujenta, com memos fome e sou eu a primeira a dizer-lhe que se estás cansada e não queres almoçar ou jantar não há problema, mas então vais dormir.
Ontem estava cansada e também não devia ter lá muita fome. Pronto filha, tudo bem. Mas agora começar a dizer que não, não e não a cada colherada e começar à estalada com a colher não é para mim. Peguei na criatura possuída pelo demo e levei-a para o quarto. Desliguei a luz, deixei-a acalmar-se. Claro que não resisti e dei-lhe miminhos e ali ficámos as duas abraçadinhas até a pequena ceder ao sono. Mas mantive-me firme na minha posição de não voltar a saír do quarto e de hoje vais para a cama sem jantar que isso de esbofetear a comida não se faz! com que tinha partido. Que isto de me transformar numa mãe severa não é para mim.
É preciso ser coerente, eu sei. E muitas vezes o cansaço faz-me ceder e escolher o caminho mais fácil. Mas também nunca ninguém me disse que educar era fácil nem eu me iludi. É preciso muita força para dizer não, para continuar ali, firme, mas meiga ao mesmo tempo. Porque não acredito numa relação pais-filhos sem amor, carinho, presença, proteção, mas agora birras de mimo, ataques de fúria e essas cenas do arco-da-velha que às vezes os miúdos fazem não é para mim. E muitas vezes também perco a paciência...
Não me preocupo nada que um dia ela coma menos. Come sempre bem, está gordinha, bem de saúde e portanto nunca a forço a comer. Percebo que haja dias que está mais cansada, mais rabujenta, com memos fome e sou eu a primeira a dizer-lhe que se estás cansada e não queres almoçar ou jantar não há problema, mas então vais dormir.
Ontem estava cansada e também não devia ter lá muita fome. Pronto filha, tudo bem. Mas agora começar a dizer que não, não e não a cada colherada e começar à estalada com a colher não é para mim. Peguei na criatura possuída pelo demo e levei-a para o quarto. Desliguei a luz, deixei-a acalmar-se. Claro que não resisti e dei-lhe miminhos e ali ficámos as duas abraçadinhas até a pequena ceder ao sono. Mas mantive-me firme na minha posição de não voltar a saír do quarto e de hoje vais para a cama sem jantar que isso de esbofetear a comida não se faz! com que tinha partido. Que isto de me transformar numa mãe severa não é para mim.
É preciso ser coerente, eu sei. E muitas vezes o cansaço faz-me ceder e escolher o caminho mais fácil. Mas também nunca ninguém me disse que educar era fácil nem eu me iludi. É preciso muita força para dizer não, para continuar ali, firme, mas meiga ao mesmo tempo. Porque não acredito numa relação pais-filhos sem amor, carinho, presença, proteção, mas agora birras de mimo, ataques de fúria e essas cenas do arco-da-velha que às vezes os miúdos fazem não é para mim. E muitas vezes também perco a paciência...
Conversas rápidas de assuntos sérios
O que achas, devia tornar-me italiana?
Sim, acho que sim!
Sim? Achas mesmo?
Acho. Mas se calhar não te aceitamos!
Sempre a gozar este meu italiano, é o que me vale.
E continuo a ter dois anos para pensar!
o cúmulo da minha conisse #2
em Portugal a dottoressa Peluche (nome italiano) é Doutora Brinquedos, e não Doutora Peluche como lhe chamei no post anterior.
Estou cada vez mais con e nem assim sei se quero ser luso-italiana...
Estou cada vez mais con e nem assim sei se quero ser luso-italiana...
a minha filha já pode ser luso-italiana à vontade
Porque encontrei dvd's da Doutora Peluche em português em Itália.
Maravilha isto de passar à (pela) pequena as superstições da mãe!
Maravilha isto de passar à (pela) pequena as superstições da mãe!
Dúvidas (existenciais) de uma portuguesa em Itália
Hoje tive de ir renovar o meu cartão de utente italiano. Tenho que o fazer de dois em dois anos porque não sou cidadã italiana. Claro que já tinha caducado em Fevereiro que isto de ser de dois em dois anos passa muito depressa e uma pessoa esquece-se.
Tive sorte que não precisei de ir ao médico de família ou ao hóspital este ano e também tive sorte que o meu médico de família, que é mesmo de toda a minha família italiana, sogros e avós adoptivas incluídos, ainda tinha vagas e pude manter o mesmo.
Este é um stress que passo a cada dois anos, dois anos e qualquer coisa porque sistematicamente me esqueço de renovar o dito cartão e corro o risco do meu médico ficar sem vaga. Existe, no entanto, solução para o problema. Basta nacionalizar-me italiana e o cartão renova-se automaticamente e chega-me a casa sem que eu tenha que fazer nada. O meu médico não muda e ficamos todos descansados da vida. Cómodo. Rápido. Indolor.
Todavia...eu não sei se quero ser italiana. Eu bem sei que disse que íamos ser os três luso-italianos ou italo-portugueses, como nos quiserem chamar, mas a verdade é que já tive de abdicar de tanta coisa para estar cá que tenho alguma relutância em abdicar do meu ser luso-exclusivo.
Mas lá terei que pensar no assunto com sentido prático e deixar o carinho de lado. Mas só daqui a dois anos, que até lá tenho o cartão em curso de validade!
Tive sorte que não precisei de ir ao médico de família ou ao hóspital este ano e também tive sorte que o meu médico de família, que é mesmo de toda a minha família italiana, sogros e avós adoptivas incluídos, ainda tinha vagas e pude manter o mesmo.
Este é um stress que passo a cada dois anos, dois anos e qualquer coisa porque sistematicamente me esqueço de renovar o dito cartão e corro o risco do meu médico ficar sem vaga. Existe, no entanto, solução para o problema. Basta nacionalizar-me italiana e o cartão renova-se automaticamente e chega-me a casa sem que eu tenha que fazer nada. O meu médico não muda e ficamos todos descansados da vida. Cómodo. Rápido. Indolor.
Todavia...eu não sei se quero ser italiana. Eu bem sei que disse que íamos ser os três luso-italianos ou italo-portugueses, como nos quiserem chamar, mas a verdade é que já tive de abdicar de tanta coisa para estar cá que tenho alguma relutância em abdicar do meu ser luso-exclusivo.
Mas lá terei que pensar no assunto com sentido prático e deixar o carinho de lado. Mas só daqui a dois anos, que até lá tenho o cartão em curso de validade!
Oh São Pedro! Que é isto pá?
Eu até agradeço não ter passado um Verão daqueles tórridos e húmidos que normalemnte por aqui se vivem.É sabido que eu detesto o calor desumano. Mil vezes frio que até pode congelar entranhas. Mas também passar pelo Verão sem darmos por isso? Bem, isso também não.
Em Maio ainda não era Verão, pois toca a esperar por ele. Em Junho estava tímido e tinha apenas começado no calendário. Em Julho indeciso. Mas em Agosto? Não haver Verão em Agosto é estranho. No outro dia, quando abri a janela de manhã para mudar o ar à casa senti cheiro a Outono. Não se admite senhores.
E hoje, que começou Setembro, ele foi logo um ver se te avias que isto de fazer sol cansa e pumba, toma lá com chuva torrencial nas primeiras horas da manhã e agora é um regalar-se a ver caír aquela chuva miúda, constante, chata e deprimente de Novembro.
Digamos a verdade, São Pedro, inda tínhamos direito a mais 20 dias de Verão e depois é que vinha o Outono, que, só por causa das coisas, podia ser solarengo, não achas? Estás a ser um bocadinho forreta este ano, não achas? E esta pontualidade britânica e ironia tão deles também não tem nada a ver.
O que vale é que no fim-de-semana esteve solinho. É o que vale. Que este ano uma pessoa até baixa as expectativas e já não pede são calor de fim de Agosto. Basta sol nestes dias que já estão muito mais curtos...
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