Pensamentos de uma emigrante
A dieta #4
Agora esperam-me três semanas de dieta moderada para manter o peso obtido.
Resultado: perdi os dois kilos que queria, embora tenha pecado sexta à noite (com um mini bolo e uma caipiroska pequena) e sábado à tarde com o lanche do Guilherme (ele foi croissant, rissóis, croquetes e o mega bolo de chocolate com chocolate). Algo me diz que já os recuperei...
Ainda tenho as pernas com negras da massagem e portanto não consegui ver bem os resultados.
Conclusão: amanhã vou ser avaliada pelo meu maior juiz, o meu marido, e depois conto a sentença!
Sabia que tinha saudades
Diz-se que o carácter de uma pessoa se vê nos momentos difíceis.
A dieta #3
A dieta #2
Está escrito nos nossos genes. Os homens são caçadores e as mulheres coletoras. Ir às compras é uma forma de recolha.
Não me considero uma mulher fútil, mas não há nada como ir às compras para animar a malta! Não sou, também, daquelas mulheres que entra e sai de todas as lojas e vê tudo, tudinho. Gosto de sair de casa com a intenção de recolher, sim, mas vou só àquelas duas ou três lojas que sei que têm o que gosto.
Quando falei com o meu marido contei-lhe que tinha visto dois vestidos super giros e ele, na sua inocência, achava que ainda não os tinha comprado. Achava que só tinha ido estudar a presa, ver como se poderia adaptar ao meu corpo e se teria alguma utilidade. É claro que já estão recolhidos, os dois mais uma t-shirt, e pendurados no meu armário. Eu já fiz a minha parte, agora alguém vai ter que caçar, ou trabalhar!
É amanhã que começo a minha dieta!
cabelo liso vs cabelo aos caracóis
O amor
Oh pá já me começo a chatear...
E prontosssssss
Se alguém conseguir entender isto que me explique!
Mas será que o sol ficou tímido?
Tenho cá para mim
Nestes 6 meses não tenho feito outra coisa que não seja lembrar-me. Lembrar-me dos dois dedos de conversa diários na chat, das críticas com poucas palavras, do cheiro da tua roupa lavada, dos segredos sussurrados na cozinha, das festas nas orelhas e do beijo na testa. De sentir o cachaço a ser apertado, do sorriso malandro, do oh, dos ciúmes de quem quer e não quer saber. Do entusiasmo com uma nova paixão, do regresso ao passado (sempre), das perguntas em tom desinteressado com tanta vontade de explorar. Sinto saudades dos olhos cor de mel, das unhas roídas, dos dentes um bocado muito amarelos, do pipinho e dos pés descalços.
Olho para trás e lembro-me de tanto. De todos esses momentos passados juntos. Acontecimentos felizes, infelizes, normais. De tanta coisa vivida em conjunto. De tantos sonhos e medos confessados, conquistas e derrotas partilhadas... Eramos muito amigos, o facto de sermos irmãos só tornou o nosso amor num amor incondicional. Fizéssemos o que fizéssemos, acontecesse o que acontecesse, eramos sempre um do outro.
E agora que me deparo com este vazio chego à conclusão que sim, que tudo isto me fará imensa falta. Que terei que aprender a viver com o vazio que criaste. Mas que o que me deixa profundamente triste é saber que nunca mais vou poder partilhar contigo nada da minha vida. Que o último Natal foi mais vazio e que faltará sempre uma parte por mais que a família aumente. Que casei e tu não estavas lá, mesmo ao meu lado, nem dançaste como um maluquinho no meio da pista. Que nunca a voz doce do Vasco vai dizer é o titio quando te vir aparecer do outro lado da webcam como agora mesmo me fez....
E hoje é outra vez dia 5. E hoje é outra vez domingo. E hoje chove outra vez .
E eu penso que é esta falha no futuro que me deixa realmente triste. Seja que dia seja da semana, dia 1 ou 31, Janeiro ou Dezembro, faça chuva ou faça sol.
Metade *
Que a força do medo que tenho
Não me impeça de ver o que anseio
Que a morte de tudo em que acredito
Não me tape os ouvidos e a boca
Porque metade de mim é o que eu grito
Mas a outra metade é silêncio.
Que a música que ouço ao longe
Seja linda ainda que tristeza
Que a mulher que eu amo seja pra sempre amada
Mesmo que distante
Porque metade de mim é partida
Mas a outra metade é saudade.
Que as palavras que eu falo
Não sejam ouvidas como prece e nem repetidas com fervor
Apenas respeitadas
Como a única coisa que resta a um homem inundado de sentimentos
Porque metade de mim é o que ouço
Mas a outra metade é o que calo.
Que essa minha vontade de ir embora
Se transforme na calma e na paz que eu mereço
Que essa tensão que me corrói por dentro
Seja um dia recompensada
Porque metade de mim é o que eu penso mas a outra metade é um vulcão.
Que o medo da solidão se afaste, e que o convívio comigo mesmo se torne ao menos suportável.
Que o espelho reflita em meu rosto um doce sorriso
Que eu me lembro ter dado na infância
Por que metade de mim é a lembrança do que fui
A outra metade eu não sei.
Que não seja preciso mais do que uma simples alegria
Pra me fazer aquietar o espírito
E que o teu silêncio me fale cada vez mais
Porque metade de mim é abrigo
Mas a outra metade é cansaço.
Que a arte nos aponte uma resposta
Mesmo que ela não saiba
E que ninguém a tente complicar
Porque é preciso simplicidade pra fazê-la florescer
Porque metade de mim é platéia
E a outra metade é canção.
E que a minha loucura seja perdoada
Porque metade de mim é amor
E a outra metade também.
*Oswaldo Montenegro