Uma das recordações que tenho mais nítidas da minha infância é ir tirar sangue ou tomar uma vacina e a minha mãe me dizer de pensar a coisas boas. A tudo aquilo que gosto e que tudo passaria depressa porque era forte com os meus pensamentos. Isto de pensar em coisas boas para não sentir a dor ou o desconforto é uma herança que trago sempre comigo. Viro a cara para o outro lado e penso no Oceano, nos passeios no jardim, nas músicas que mais gosto e tudo passa mais depressa. Passa melhor.
Ontem tive que ir com a Clara tirar sangue. Mostrei-lhe os desenhos na parede. Brinquei com ela na salinha para que tudo fosse o mais sereno e natural possível.
A enfermeira entrou e começou a tranquilizar-nos. A explicar o que se ia passar e a interagir com a Clara. Percebeu logo que era a mãe a mais tensa nesta história toda. Quando me disse para estar tranquila fazendo-me uma festa na cara desabei. Comecei a chorar qual Maria Madalena e pronto. O caldo entornou... Ela reclamou porque não queria estar presa e depois estranhou as minhas lágrimas. Por sorte estava lá o super pai que se meteu ao lado da pequena e a acalmou. E foi a mais pequena a ser a mais valente. E pensar que eu queria que ela tivesse de mim toda a força que precisava...
Eu até acho que sou corajosa. Que não sou mariquinhas pé de salsa. E olha...quando vi o bracinho mínimo da minha pitorra pronto a levar com a agulha não aguentei. Sei que é um disparate. Que sou uma hiper sortuda que a Clara é do mais saudável que há e que os problemas e dores da vida não são de todo estes. E mesmo assim...
É disparatado o amor que se sente e a vontade desmedida de ter um filho sempre protegido.
(felizmente as análises estão ótimas!)
Que dia
Considerando que o meu dia começou hoje à uma e meia da manhã, mesmo ainda sendo só meio dia, já vai longo e já pode ser considerado um dos mais desfortunados da minha vidinha.
A Clara hoje não sei o que tinha, queixou-se a noite toda. Quando acordou à uma e meia dei-lhe de mamar a muito custo porque estava toda suada e quase a vomitar. Deitei-me quinze minutos depois muito desconfortável e adormeci. Mas a pequena às quatro da manhã voltou a queixar-se e acabou na nossa cama. O sono estava difícil e demorou imenso a voltar a adormeçer. Devia ser dentinhos porque mesmo de olhos fechados queixava-se. Levei muito pontapé e empurrão e às sete da manhã estava quase fora da cama...
Às oito saímos da cama e (re)começou a saga do bebe o leitinho todo. Ao pequeno almoço já não lhe dou mama (e anseio por não lhe dar a meio da noite também...), mas a pequena não gosta lá muito daquilo.
A babysitter chegou atrasada portanto não tive tempo para tomar banho.
Saí a correr de casa e já no gabinete e a trabalhar sinto o terramoto, curto mas intenso, a fazer tremer tudo, até as minhas entranhas mal dispostas. E eu aqui sozinha...
Mais tarde decido ir à câmara para resolver um problema de interpretação da lei com a chefe de divisão. Coisas sempre muito agradáveis, sobretudo em Itália que a quantidade de papel é sempre mais que muita e como se já não bastassem as mil e uma leis para fazer um simples projectinho, ainda tenho que aturar a interpretação da lei feita por um e por outro...
Quando saio de lá começa a diluviar como se o mundo estivesse para acabar. Era de tal forma que num trajecto de um minuto a pé fiquei completamente incharcada. E quando estava mesmo quase a chegar começou a chover ainda mais um bocado, como se fosse possível.
E pensar que ainda tenho tanto dia pela frente...
A Clara hoje não sei o que tinha, queixou-se a noite toda. Quando acordou à uma e meia dei-lhe de mamar a muito custo porque estava toda suada e quase a vomitar. Deitei-me quinze minutos depois muito desconfortável e adormeci. Mas a pequena às quatro da manhã voltou a queixar-se e acabou na nossa cama. O sono estava difícil e demorou imenso a voltar a adormeçer. Devia ser dentinhos porque mesmo de olhos fechados queixava-se. Levei muito pontapé e empurrão e às sete da manhã estava quase fora da cama...
Às oito saímos da cama e (re)começou a saga do bebe o leitinho todo. Ao pequeno almoço já não lhe dou mama (e anseio por não lhe dar a meio da noite também...), mas a pequena não gosta lá muito daquilo.
A babysitter chegou atrasada portanto não tive tempo para tomar banho.
Saí a correr de casa e já no gabinete e a trabalhar sinto o terramoto, curto mas intenso, a fazer tremer tudo, até as minhas entranhas mal dispostas. E eu aqui sozinha...
Mais tarde decido ir à câmara para resolver um problema de interpretação da lei com a chefe de divisão. Coisas sempre muito agradáveis, sobretudo em Itália que a quantidade de papel é sempre mais que muita e como se já não bastassem as mil e uma leis para fazer um simples projectinho, ainda tenho que aturar a interpretação da lei feita por um e por outro...
Quando saio de lá começa a diluviar como se o mundo estivesse para acabar. Era de tal forma que num trajecto de um minuto a pé fiquei completamente incharcada. E quando estava mesmo quase a chegar começou a chover ainda mais um bocado, como se fosse possível.
E pensar que ainda tenho tanto dia pela frente...
da vida D.C. #2
Uma tia-avó do Filippo, que morreu há uma semana, de origens Folignate transferida a Nápoles por amor, dizia-me muitas vezes que só sentiras Foligno realmente tua no dia em que tiveres filhos.
No tempo A.C. volta e meia pensava o que andava aqui a fazer. Sentia muitas saudades de Viana e da vida que lá tinha deixado. A minha alma lusa não me desmentia e tinha crises de saudades arrebatadoras. Nesses dias em que me sentia numa batalha entre o amor e o amor, acabava por me render a estúpidas superstições para me decidir. Normalmente alugava um filme e pensava que se tivesse legendas em português então por aqui devia continuar pois podia ter cinema como se deve.
No outro dia reparei que a cadeirinha da bicicleta para a Clara é feita em Portugal e, comentando com o Filippo, respondeu-me vês, podes ficar em Italia, então! E eu dei por mim a pensar que no tempo D.C. estas estupidezes nunca mais me passaram pela cabeça. Nunca mais senti assim tanta falta do meu mundo português a tal ponto de meter em causa a minha vida italiana. A minha vida luso-italiana está muito bem.
No tempo A.C. volta e meia pensava o que andava aqui a fazer. Sentia muitas saudades de Viana e da vida que lá tinha deixado. A minha alma lusa não me desmentia e tinha crises de saudades arrebatadoras. Nesses dias em que me sentia numa batalha entre o amor e o amor, acabava por me render a estúpidas superstições para me decidir. Normalmente alugava um filme e pensava que se tivesse legendas em português então por aqui devia continuar pois podia ter cinema como se deve.
No outro dia reparei que a cadeirinha da bicicleta para a Clara é feita em Portugal e, comentando com o Filippo, respondeu-me vês, podes ficar em Italia, então! E eu dei por mim a pensar que no tempo D.C. estas estupidezes nunca mais me passaram pela cabeça. Nunca mais senti assim tanta falta do meu mundo português a tal ponto de meter em causa a minha vida italiana. A minha vida luso-italiana está muito bem.
pilates interrompido
Já não tenho uma aula de pilates há quase um mês, primeiro porque a professora ficou doente, depois porque se casou e foi em lua-de-mel e agora porque na lua-de-mel teve um acidente de carro (que sorte do caraças...) e está imobilizada na cama com colar cervical.
De maneira que as minhas duas horas semanais de descanso (do trabalho, da casa, da Clara, etc e tal) estão interrompidas por tempo indeterminado.
Em contrapartida, tenho ido com a Clara para o parque (a pé ou de bicicleta para manter a "forma") e em vez de descanso tenho tido cansaço acrescido. A pequena não pára um segundo. Sempre de um lado para o outro a ver se faz amizades. Ora é tentando ofeçer água a todas as crianças, ora bracejando com a bola na mão a ver se alguém lhe liga ou cobiça o seu brinquedo. E eu atrás dela, a ver se não dá algum tabefe (intencional ou não, que quando não lhe ligam volta sempre a praguejar) a algum miúdo.
E assim, uma pequena minhota cresce em terras italianas.
De maneira que as minhas duas horas semanais de descanso (do trabalho, da casa, da Clara, etc e tal) estão interrompidas por tempo indeterminado.
Em contrapartida, tenho ido com a Clara para o parque (a pé ou de bicicleta para manter a "forma") e em vez de descanso tenho tido cansaço acrescido. A pequena não pára um segundo. Sempre de um lado para o outro a ver se faz amizades. Ora é tentando ofeçer água a todas as crianças, ora bracejando com a bola na mão a ver se alguém lhe liga ou cobiça o seu brinquedo. E eu atrás dela, a ver se não dá algum tabefe (intencional ou não, que quando não lhe ligam volta sempre a praguejar) a algum miúdo.
E assim, uma pequena minhota cresce em terras italianas.
No dia 1 de Abril...
...não é mentira mas parece-me. A Clara bebeu pela primeira vez leite de vaca. Foi muito pouco, 10ml para começar que a pequena tem que se ir habituando gradualmente. Mas foi um começo. Agora é aguardar para ver como reage e esperar que corra tudo bem. E eu posso começar a sentir o cheirinho da "liberdade". Que isto de amanetar é bom mas...já era. Estou farta. Tenho a sensação que a Clara me está a sugar todas as energias, todas as entranhas. Sinceramente, admiro muito as mãe que o conseguem fazer até aos dois anos, mas fosse por mim, ao ano da gorduxa eu tinha deixado o peito pelo copo de leite, ou biberão, ou que ela achasse melhor. Já anda, tem oito dentes, começa a falar. É praticamente uma mulher feita, de 14 meses e meio! E ainda a mamar? Naaaaa! A sorte dela é que não é uma bebé "viciada" na maminha. Alimenta-se e vai à vida dela. Não fica ali agarrada para ter mimo, ou para adormeçer, ou para brincar. Quando quer mimo abraça-me e dá-me beijinhos. Quando quer dormir pega na chupeta e para brincar tem ela muita coisa. É a sorte dela, se não tinha deitado pelo ar a história da intolerância vs integração através do meu leite e tinha partido directamente para o leite de soja. É que sei de muitos meninos e meninas que não largam a maminha da mãe nem por nada...medoooooo!
Subscrever:
Mensagens (Atom)