É hoje! É hoje! É hoje!

É hoje (caso ainda não se tenha percebido!) que a senhora vai embora da casa que será a nossa.
É hoje o último dia de calma antes de começar a entrar com canalizadores, elestricistas, trolhas, pintores, carpinteiros, etc e tal.
E que bom que vai ser! Estou ansiosa que começe a correria, a confusão e que tenhamos que tomar decisões definitivas. Até vou transferir o gabinete para a nosso (actual) apartamento, só para poder controlar melhor a obra. Yupiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii

Apaixonada por

Não sei muito bem que título dar a este post

Se Quando fôr grande quero ter um nome mais pequeno #2
ou Finalmente sou uma mulher casada em Itália

É que hoje começei a manhã na anagrafe que é o mesmo que dizer que passei umas horas no Arquivo ou Recenseamento ou lá o que é.
Pelos vistos chegaram sozinhos à conclusão que me faltava um da no meu nome. Que nos documentos italianos não estava escrito mas que aparecia no acto de casamento português. E que, portanto, era preciso mudar tudo. 
A essa conclusão já eu tinha também chegado, e sinceramente fiquei positivamente surpreendida que não tivesse de ser eu a chamar a atenção e a levantar poeira. 
Passaporte para aqui, carta d'identità para lá, o nome na anagrafe ficou rectificado e já tenho o documento identificativo corrigido. Agora há que mudar tudo o resto: carta de condução, codice fiscale, partita iva, tessera sanitaria,...
Parece fácil? É...Mas não é!
Basta pensar que casei há quase um ano e só hoje, exactamente dez meses e 6 dias depois, estou oficialmente casada perante o Estado Italiano. E é por isso que a ideia de mudar estes documentos todos me tira o sono.

Ah, e já me ia esqueçendo de contar. Tentei começar pelo mais fácil: a carta de condução. E não é que a Direcção Geral de Viação decidiu meter que o meu nome é Rita de Aragão da Rocha Peixoto e o apelido Cameira? Ah pois é! Está mal meus senhores. Está mal. O meu nome é Rita e o apelido todo o resto do ambaradam.
E agora a pergunta é: será que na Direcção Geral de Viação Italiana me vai criar problemas?
Hummm...stay tuned!

Ninguém merece

Ir buscar o carro à garagem e ver marcado, em dois dias consecutivos, -1 grau / possível gelo na estrada.
Começar a sair de casa e, apesar do sol brilhar com toda a sua força, não conseguir meter as mãos no volante de tão gelado. E o safado do termómetro contínua a descer.
-2.
-3.
Sair do carro e sentir o ar gélido a entrar nos pulmões. Nem camisola interior, camisa, camisolão, casação e grande cachecol conseguem contrariá-lo.
E pensar que meia hora antes estava no quentinho da minha caminha. Não é justo.
Possível gelo na estrada...Possível gelo na estrada? Estalactites no meu nariz, é o que é. Devem estar a gozar comigo, os tipos da Fiat.

Da vida e da morte, em Itália

De quando em vez vê-se, na porta de uma casa, na montra de uma loja, um laço. Significa que ali se festeja a vida. Que nasceu uma criança. Um filho aos donos da casa, do café, da loja. Quem passa fica a saber que aqueles foram abençoados pela vida e, se o laço for cor-de-rosa, deram as boas-vindas a uma menina, se fôr azul, a um rapaz. E ao vê-lo não consige evitar um sorriso (pelo menos eu não).
Não há dom melhor que o da vida e eu acho fantástico que venha partilhado desta forma tão doce.
Mas, em contrapartida, aqui também se expôe quem morre. Em vários cantos da cidade existem painéis onde se pode anunciar a morte de um ente querido, apresentar os sentimentos à família, relembrar quem partiu há um mês, um ano,... E eu, passando, fico sempre com uma sensação de vazio, de tristeza. Tantas vezes são mensagens acompanhadas de fotografias, demasiadas vezes de jovens. Sinto raiva, desconforto. Penso no que a família está a passar. Relembro o que vivi, e sinto de forma ainda mais cerrada aquele apertar de estômago que me acompanha há mais de um ano...
Mas a vida é mesmo assim, inevitavelmente se inicia tem que acabar. O problema é que este painel varia de dia para dia, mas os laços não se veem sempre...

Ano novo, casa nova

Este inicio de ano está a ficar marcado pela mudança de casa.
Vamos perder um andar e portanto vamos ter menos 17 degarus para subir ou descer mas também vamos perder a luz e a vista maravilhosas. A grande contrapartida será a sala maior, a cozinha separada e o segundo quarto. Acho que é uma boa troca.
Mais, desta vez vamos ser nós a mobilar o apartamento, o que significa que vamos poder fazê-lo muito mais à nossa imagem. Claro que a crise obriga a contenção, muita conteção. E é por issos que andamos a braços com o Ikea.
Ele é catálogo, sitio de internet, desenhos cad para ver se cabe tudo e, last but (absolutely) not the least, passar 8 horas inteirinhas de um lindo domingo de Inverno cheio de sol e frio infiados no Ikea a ver se o que tinhamos seleccionado estava bem escolhido, a mudar de opinião e a confirmar opcões estudadas.
No inicio a coisa correu bem. Chegamos lá à uma e o pessoal estava todo a encher a barriguinha. Até às três da tarde estivemos bastante à larga, conseguiamos andar bem e apreciar com alguma distância os móveis em exposição. Hora em que começei a sentir a cabeça a rodar. Ainda não tinhamos almoçado e portanto foi o que fomos fazer. Quando voltamos deparamo-nos com uma maré de gente a fazer a digestão, o passeio higiénico, o que lhe quiserem chamar! Uma grande confusão e a certa altura já nem viamos nada, já nem decidiamos nada e quando às 8h chegamos ao carro estavamos desfeitos. Mas pronto, pelo menos os móveis ficaram todos decididos, já não é nada mau.
Ah, e para a crónica, consegui sair de lá sem comprar nadinha! É impressionante o que o cansaço faz...Só que agora pensar em ter que voltar lá para comprar tudo o que escolhemos até se me aperta o estomago!

Época festiva

Estamos mesmo quase no fim das festas. Dezembro já acabou. Já passou mais um Natal com sabor agri-doce e uma Passagem de Ano sem a sensação de que qualquer coisa pode mudar.
Penso que me consegui aguentar bem nestas festas. Mesmo que a época me traga sempre alguma nostalgia. E agora, mais que nunca, muita saudade. Consegui continuar a sorrir mesmo que por dentro não tivesse grande vontade. E continuar a brincar e a tentar desdramatizar. No fundo, acho que consegui manter o meu equilibrio. E sinto-me orgulhosa por isso.
Mas agora que as festas estão a acabar, que daqui a dois dias é altura para começar a desfazer tudo e seguir em frente, que será tempo de fazer de conta que não fiz de propósito ao deixar passar o Natal e a entrada no Ano Novo sem escrever aqui, não posso deixar de lembrar que hoje, dia 4, a minha mãe faz anos.
Se em quase todas as casas as festas acabam com os Reis, eu habituei-me a concluí-las no seu dia de anos. E portanto hoje não o podia deixar em branco. E portanto:

Muitos parabéns Mãe. Que este novo ano que hoje começa a contar seja o da recuperção da força, da garra e do otimismo que sempre lhe conheçi. Um beijo com muito amor.