Ontem o vidro do lado do condutor do nosso carro decidiu que estava cansado e ficou parado a meio do caminho. Queixou-se um bocado, devia ser do calor abrasador logo às 7:45 da manhã, e depois parou. E agora está ali, meio aberto, ou meio fechado, como se preferir.
Foi por isso que tive de usar o carro da avó do Pi. Adoro o carrinho dela. Pequenino, despachadinho e com o mínimo indispensável para andar na cidade. Adoro também vê-la a guiar, toda ela em miniatura, com os cabelinhos todos brancos cortados à rapaz e com ar de quem está a fazer uma corrida de rali.
Mas não era este o ponto. O ponto era que ao conduzir este carro fui transportada para mais de vinte atrás quando andava no carro do meu avô Zé. O barulho do pisca, o som do saltirar do paralelo, a leveza das portas mas o pum seco quando se fecham. E depois começei a fazer uma viagem ainda maior. Dos dias em que iamos para a praia e que podiamos guiar à vez à chegada ao estacinamento da praia de Afife e ao largo de casa. Das longas idas a Salema e da pausa obrigatória para comer um frango assado maravilhoso. De estar no banco de trás em brincadeiras intermiáveis com os manos, e do barulho suportado com tanta paciência e um lindo sorriso no banco da frente.
E por fim dou por mim a pensar que posso lembrar estes momentos só com uma pessoa e não quatro e dá-me um imenso aperto no coração. Mas mesmo assim, vale sempre a pena recordar porque, como dizia a canção, recordar é viver. E manter vivos os nossos queridos no coração.
1 comentário:
Ritália,
Tens tão boas recordações que não tenhas medo de as recordar. São elas que nos fazem saber donde vimos e como.
A tristeza é grande pois falta uma pessoa tão querida mas não faças por esquecer as boas memórias, os momentos inesquecíveis. Lembra-te deles para saberes o quanto foste feliz e como te tornaste na mulher que hoje és.
Tadoro
Beijo
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