Sinto-me como uma lâmpada que está quase a fundir.
A luz começa intermitente, aos soluços. Duas panacadinhas e volta fixa. Ah...que alivio, ainda não foi desta que fiquei às escuras. Mas sei que foi só um remendo...
Segunda-feira tive a magnifica punhalada do meu futuro chefe (sim, futuro porque ainda não tenho contrato, embora já lá esteja dentro e a produzir).
Mudou-me as regras do jogo a meio do aquecimento. O míserio ordenado que me propôs por 6 meses afinal só pode ser por 3. Ou então, e ele ainda tem lata de recomendar esta segunda opção, reduz em 25% a oferta e posso ficar lá 6 meses a fazer o dito estágio formativo (note-se que já trabalho há 3 anos). Perspectivas de futuro? Ah, isso ele não pode prometer.
Quem me conhece sabe que a pior coisa que me podem fazer é isto: transformar um sim num não. Falhar à palavra dada para mim é motivo de vergonha e a chico-espertiçe não é uma qualidade mas um defeito. Grave.
Claro que optei por estar lá 3 meses. Acho que não seria de esperar outra coisa, embora o mesquinho do homem estivesse na expectativa de outra resposta.
Começamos então a tratar dos papeis para activar este estágio.
1ª coisa: tenho de que estar inscrita no centro de emprego. Toca a tratar disso.
1ª coisa para estar inscrita no centro de emprego: tenho de residir em Itália. Toca a tratar disso.
Ora bem, para ter residência cá tenho três hipóteses:
1ª_ tenho um contrato de trabalho - não (note-se que vim para cá, há mais de 9 meses atrás, com a promessa de um contrato que nunca foi feito e portanto o pedido de residência sempre adiado)
2ª sou casada com um italiano - não
3ª_tenho meios económicos para me manter em Itália e um seguro - talvés. Mas, que seguro? Um seguro. Mas um seguro como? Um seguro. Mas um seguro de quê? Um seguro.
rrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrr
Liga daqui, liga dali, lê na net, envia mail, recebe resposta, recebe respostas contraditórias,...e no fim do dia ainda não percebi que raio de seguro tenho que ter...
Entretanto vou perdendo tempo, trabalhando sem ganhar e aturando por um lado a falta de seriedade do chefe e por outro este ping-pong: passa de departamento em departamento, anda de página net em página net e liga para lugares em cadeia...E, mesmo tentado recuperar de noite, no aconchego de casa, chego ao fim de cada dia com menos vontade, menos força, menos determinação...Sei só que penso muitas mais vezes do que gostaria que devia era voltar a Casa, que cada um está bem é no seu País...e que este lugar onde estou pode ser muito bonito, comer-se bem e a gente simpática, mas não é meu. Que por detrás desta beleza esconde-se gente falsa, sem palavra, burocrática e conformada. (claro está, salvando deste juízo todos aqueles que são a excepção que comfirma a minha regra...e que são o único motovo pelo qual ainda aqui estou.)