viagem a Portugal e outras trivialidades

Ah, pois é! Por aqui já se foi e já se voltou.
Os voos com a Clara, até hoje, têm corrido sempre muito bem. É claro, a pequena cresce, ganha autonomia e portanto já não é só estar sentadinha com ela ao colo a brincar ou a dormir. Agora já não dorme o voo quase todo, já não tem a maminha para acalmar e prevenir dor de ouvidos e portanto dá mais trabalho. É preciso distraí-la mais, insistir para ter a chupeta na boca a descolar e aterrar, passear para a frente a para trás no corredor e vê-la a comprimentar todos os passageiros. Depois lá acaba por ficar podre de sono e é também mais difícil adormecê-la. Se já em casa, na calma do seu quarto, combate o sono, imagine-se num avião cheio de luz, barulhos e distrações. Acabou por dormir um bocadinho em cada voo, sempre no fim, mas não foi tarefa fácil. De qualquer das formas portou-se muito, muito bem. Esteve sempre bem disposta, não se queixou dos ouvidos (que é sempre o meu medo) e se eu me atrevesse a apontar-lhe alguma coisa seria a mãe mais ingusta deste planeta.
Em terras lusas também esteve muito bem, não acusou quase nada a diferença de hora (esta foi a vez que melhor correu neste aspecto), não desregulou os sonos ou o apetite e foi uma delicia vê-la com os avós, tios e primos. E, sobretudo, com a Kuata. Coitada da cadela, fez-lhe a vida negra com tantos puxões de pêlo. Mas depois compesava tudo com os bons pedaços de pão ou bolacha que lhe dava.

Entretanto dá-se que em Portugal este domingo foi o dia da Mãe e que em Itália se festeja no próximo e, portanto, como Mãe de uma luso-italiana que sou, esta para mim é a semana na Mãe! E, acerca disto, tenho pensado nos elogios que me fazem à filhota. Que está ótima, alta e gordinha, cheia de saúde, é uma vivaça, despachada, cheia de confiança, serena e muito, muito meiga. Que é esperta, percebe português e italiano e até já arranha umas palavrinhas aqui e ali. E eu agradeço embora teime em acreditar que seja tudo mérito meu. Acredito muito que o bom feitio dela tem mais a ver com a sua maneira de ser e que eu, enquanto Mãe, apenas posso ter responsabilidade no que toca à saudinha (e mesmo aqui, ela teve também sorte de nascer uma bebé pouco dada a doenças).
É claro que sei que até hoje dei o meu melhor. Que abdiquei de muita coisa por ela, que me dediquei de corpo e alma a esta cria, mas que tive muita sorte de me sair da rifa uma filha que é sã e tão bem humorada. E ao vê-la crescer de dia para dia, e a afirmar cada vez mais a sua personalidade, tenho noção que estes dois primeiros dias da Mãe da nossa vida foram os mais fáceis da nossa existência. Até agora bastou tratar dela. Dar resposta às suas necessidades. Agora é que vai começar o verdadeiro desafio: educar. Dizer que não uma e outra vez. Explicar vezes sem conta o certo e o errado. Direccionar, orientar, ensinar. Sim, agora é que vai começar a aventura a sério-a sério, até porque eu continuo a acreditar que nisto do sucesso da maternidade conta muito a sorte que se tem com os filhos que a vida nos reserva.

1 comentário:

Becas disse...

Picolina, toda a criança nasce com um código genetico. Código esse que advem dos pais, tios ou avós. A Mãe, só tem que potenciar as coisas boas e faze-la saber contornar as menos boas.
Como mãe de 3 filhos, de que muito me orgulho, quiz sempre dar a auto estima na medida q.b. Acho que o amor pr´prio é o mais importante. Quem gosta de si, sabe vencer na vida.
A ti, e pelo que vi, dou-te os parabéns. Tens criado, em todos os aspectos, muito bem a pimpona. Como avó (e por isso mãe 2 vezes) sinto-me também orgulhosa.
Tadoro