da vida D.C. #2

Uma tia-avó do Filippo, que morreu há uma semana, de origens Folignate transferida a Nápoles por amor, dizia-me muitas vezes que só sentiras Foligno realmente tua no dia em que tiveres filhos
No tempo A.C. volta e meia pensava o que andava aqui a fazer. Sentia muitas saudades de Viana e da vida que lá tinha deixado. A minha alma lusa não me desmentia e tinha crises de saudades arrebatadoras. Nesses dias em que me sentia numa batalha entre o amor e o amor, acabava por me render a estúpidas superstições para me decidir. Normalmente alugava um filme e pensava que se tivesse legendas em português então por aqui devia continuar pois podia ter cinema como se deve. 
No outro dia reparei que a cadeirinha da bicicleta para a Clara é feita em Portugal e, comentando com o Filippo, respondeu-me vês, podes ficar em Italia, então! E eu dei por mim a pensar que no tempo D.C. estas estupidezes nunca mais me passaram pela cabeça. Nunca mais senti assim tanta falta do meu mundo português a tal ponto de meter em causa a minha vida italiana. A minha vida luso-italiana está muito bem.

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